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Saltos Altos, Duas Rodas e M&Ms

Crónicas e reflexões da mãe, motard e mulher dos sete ofícios.

Crónicas e reflexões da mãe, motard e mulher dos sete ofícios.

13
Nov18

Está na hora de levar uma palmada

Vera

Hoje decidi escrever a propósito do conceitode "palmada na hora certa". 

 

Eu aqui há dias pedi a uma funcionária para limpar um canto de uma sala que estava suja de comida. Ela ou se distraiu ou ignorou o meu pedido e não o fez logo. Voltei a pedir enquanto ela estava a fazer outra coisa e ela respondeu-me torto, o que eu não gostei. Comecei a chamá-la a atenção sobre isso e ela gritou-me! Dei-lhe uma palmada! Foi uma palmada na hora certa porque ela já estava a passar dos limites e assim aprendeu que não pode falar assim comigo! 

 

 

 

O que acham deste episodio?

 

 

 

Obviamente vão achar absurdo e uma comparação estúpida. Mas... Será assim tão descabida? Porque devemos considerar os nossos filhos menos do que um adulto? Merecem menos o nosso respeito e tolerância? 

 

Merecem mais violência do que um adulto? 

 

Como ensinar que não se bate, batendo?

 

Porque parece tão errada a situação se for entre adultos mas a aceitamos quando se trata de crianças? 

 

Porque é que se considera tão legítimo poder processar alguém por injúrias, agressão verbal, abuso de poder, violência física e psicológica, mas quando se trata de crianças passa a ser aceitável? 

 

É porque é só um bocadinho e os filhos são nossos? 

 

Aceitamos então que se agrida só um bocadinho a minha empregada preguiçosa porque ela é minha contratada e sou eu que lhe pago o ordenado? 

 

Não... Continuamos a achar absurdo e até completamente ultrapassado. Mas se não está ultrapassado que as crianças merecem o mesmo respeito que um adulto, essa é uma mentalidade que tem de mudar!

 

 

 

Normalmente este é um assunto bem sensível que quando é trazido à baila suscita muita indignação de ambas as partes. E por norma há sempre alguém que se justifica a favor da palmada dizendo que levou muitas na infância e que não lhe fizeram mal algum. Ora essa é logo uma das consequências de educar através da violência: ela é validada perante quem foi sujeito a ela e normalmente é perpetuada junto da geração seguinte. Eu diria até que isto é uma espécie de síndrome de Estocolmo, pois acabo por me aperceber que quem defende a palmada com unhas e dentes é precisamente quem com ela cresceu. 

 

E porque é que invariavelmente este se torna um assunto que parece afectar tanto quem concorda com a "palmada na hora certa"?

 

Será porque essas pessoas querem realmente defender que acham muito bem dar uma palmada aos seus filhos ou porque quando o tenham feito (ou alguém o tenha feito consigo) achou que tinha de haver uma justificação para isso estar correto embora sentisses o contrário dentro de si? 

 

É que infelizmente o recurso às palmadas em crianças tem efetivamente esse efeito: elas crescem a saber que não gostaram mas que como foram as pessoas que elas amam a fazê-lo é porque existe um motivo válido para tal. E assim se perpetua a ideia de que a palmada é algo aceitável quando não deve ser.

 

 

 

Estando na área da educação conheço de perto a complexidade do desenvolvimento do cérebro de uma criança, por isso asseguro-vos que é impossível fazer a entender uma criança de que não deve bater se a mãe ou outro adulto que lhe seja significativo a seguir faz exatamente o mesmo ou já ou fez noutra ocasião. 

 

As crianças aprendem por modelo logo, estar a ensinar o que ela deve fazer com o que ela não deve fazer apenas suscita confusão e contradição. Estarmos a assumir uma atitude de descontrolo quando queremos ensinar a criança que tem de se controlar é dizer "faz o que eu digo, não faças o que eu faço". 

 

Além disso, quando se trata de crianças mais pequenas (até aos 4 ou 5 anos) falamos de indivíduos cujo cérebro está em grande parte controlado pelas funções mais primitivas e que quando entra em stress responde pelo impulso de luta ou fuga, algo que só a maturidade lhe irá permitir controlar mais tarde. Portanto cabe ao adulto compreender o motivo que leva a essas atitudes, manter a calma e mediar a situação, mostrando qual e a forma correta de agir quando nos sentimos descontrolados, zangados, contrariados.

 

 

 

 É isto que é necessário sublinhar: a palmada não tem qualquer função de aprendizagem. E mesmo que "uma palmada bem dada" não venha a ser motivo dos problemas psicossociais mais graves (será que não?) verdade é que a sua ausência também não será motivo desses problemas. Obviamente que a não aplicação de uma palmada não é de todo indicação de ausência de outras ações, pois o que defendo está longe de ser educação permissiva. Mas há técnicas que podem ser adoptadas como a consequência direta, o diálogo, a partilha de emoções... essas sim muito mais úteis e que levam à aprendizagem e ao crescimento cognitivo. 

 

Se uma criança está a fazer uma birra descomunal ou a fazer algo que o adulto não quer quer ela faça e leva uma palmada, ela possivelmente interrompe o comportamento, mas não porque compreendeu o motivo pelo qual o fez, pois apenas agiu por medo da palmada. Agora interrompendo o comportamento desviando o foco e até mostrando que se está aborrecido pelo comportamento e explicar que naquele momento não se quer interagir com a criança por estar a sentir-se zangado, a criança vai aprender que num momento de possível descontrolo, pode recorrer aos mesmos instrumentos para se manifestar. Já vi acontecer muitas vezes crianças pequenas com quem agem deste modo, conseguirem perfeitamente explicar o que estão a sentir em momentos de frustração, permitindo ao adulto agir em conformidade. E puff! Problema resolvido sem palmadas nem mais chatices. 

 

Que isto é muito bonito falado e que na prática é um milhão de vezes mais dificil?! Claro que é!!!! Mas vale tanto mas tanto a pena!!!

 

Agora se quiserem dizer que há pessoas que com o stress do dia a dia não se conseguem controlar e acabam por ter uma explosão e mandar uma palmada a uma criança? E que é isso que consideram ser aceitável no sentido de compreender a dificuldade de até um adulto ter auto-controlo? Aí já estamos a falar de algo completamente diferente e que em nada tem a ver com o ver a palmada como algo aceitável, mas sim aceitar o impulso do adulto como algo difícil de controlar. Porém se veicularmos em sociedade a aceitação dessa dificuldade num sentido de empatia junto do outro ficamos todos mais perto de conseguir numa próxima ocasião mediar aquilo que levou ao descontrolo. E enquanto o sentimento social for de aceitação da palmada essa reflexão vai ficar muito mais complicada de acontecer.

 

 

 

Esta é uma discussão que tem pano para mangas mas que gosto sempre de expor porque muitas pessoas realmente aceitam algo com que viveram sem nunca sequer se tenham questionado se realmente foi isso que contribuiu para a sua educação ou não. E tomar consciência disso permite realmente que possamos criar relações muito mais ricas junto dos nossos filhos. 

 

Aconselho profundamente leituras do pediatra Carlos González e o blog Parentalidade com Apego da Dra Laura Sanches, que oferecem perspetivas absolutamente ricas e deliciosas acerca deste assunto ao mesmo tempo que explica como realmente é prejudicial o recurso as palmadas e gritos na educação - tudo através de uma contextualização científica que permite compreender o porquê de cada comportamento ao longo do desenvolvimento cognitivo.

 

 

 

Eu não sou uma mãe perfeita, longe bem longe de mim o ser. Mas se há algo que aprendi nos últimos anos é que cada erro que cometemos é uma oportunidade de aprendermos e crescermos enquanto pais e humanos. E só temos a ganhar com isso!

 

 

19
Out18

Riqueza dê cá um beijinho à sua avó

Vera

Não sei quem é o senhor que chamou de violência obrigar um neto a beijar uma avó e pouco interessa quem seja. Até ia agora procurar o nome dele no Google mas a verdade é que não interessa minimamente para o que venho partilhar.
Para mim, ele é apenas uma pessoa que partilha e defende exatamente o meu ponto de vista no que diz respeito à educação. E que como eu se preocupa com os contornos subtis (ou às vezes nem tanto) de alguns hábitos enraizados na nossa cultura e sociedade, podendo vir a ter repercussões futuras que por vezes nem imaginamos (mesmo quando elas depois efetivamente se demonstram).

Vou contar agora uma situação chocante!!!
A minha filha há duas semanas contou-me que um coleguinha dela estava a chorar e que a auxiliar se zangou com ele e o levou para a sala dos bebés. Fiquei com as antenas no ar. Como assim? A escola que escolhi supostamente tem práticas positivas e eu agora levo com isto? Falei com a
educadora para perceber como deve ser o contexto da situação, ela lá averiguou e percebeu que efetivamente a Mariana me estava a contar tal e qual o que tinha acontecido. Ficou tudo esclarecido e ficou a mensagem passada de que não gostámos da situação.

"Uiii, que pais tão cagões!!!"

Se ser cagão é estar atenta ao que se passa na vida escolar dos filhos, ser presente e saber ver além das próprias situações, então eu não sou cagona, eu sou a própria bosta em pessoa.
Numa situação como a que partilhei acima talvez a maioria das pessoas tenha uma leitura como "não é ir à sala dos bebés que o vai torturar", porque não, na verdade não é. Mas é a forma como facilmente foi humilhado, como foi impedido de chorar (se uma criança chora é porque tem uma necessidade que não está a ser atendida) e é principalmente o exemplo que é dado a todos os outros miúdos. Porque a primeira coisa que me passou pela cabeça foi "Eu não quero que a minha filha aprenda a humilhar os outros conforme viu aquele menino ser humilhado naquela situação." Porque sim, é humilhação mesmo que numa dimensão aparentemente insignificativa aos olhos do adulto - mas que aos olhos da criança tem uma dimensão muito maior.

"Uiiii vê lá se por causa disso a criança fica traumatizada para a vida."

Eu não me considero uma pessoa traumatizada. Sou extremamente bem resolvida, confiante, assertiva, fiel aos meus princípios e sei que sou inspiração para muitas pessoas pelos melhores motivos. Luto pelos meus ideais, tenho dois negócios de sucesso, uma vida familiar super feliz. Mas tenho os meus traumas, sim. E todos eles relacionados com situações de humilhação em meio escolar que durante uma grande parte da minha vida me fizeram ser uma pessoa muito mais introvertida, muito menos confiante. Graças à forma como fui educada fui aos poucos ultrapassando algumas dessas más memórias. Educação essa que agora replico para os meus filhos e que tem tanto em comum com o tipo de parentalidade que tem estado em discussão. Inclusive no que diz respeito a beijar os avós e outros adultos.

"Ah então se és tão bem resolvida é porque não te traumatizou."

Bem, de facto não tenho nenhum trauma que me tenha obrigado a ir para um psicólogo ou a recorrer a psiquiatria, mas o nosso objetivo como pais é andar a medir se isto ou aquilo vai traumatizar só um pouquinho ou fazer por não traumatizar de todo? É que eu posso não ter ficado com sequelas que me levem hoje a esfaquear pessoas no meio da marginal, mas o que é certo é que se me lembro de determinadas situações como se tivessem acontecido ontem, por algum motivo é. 
E ainda na onda dos beijinhos, jamais irei esquecer aquele dia em que, por ter levado pontos no céu da boca após a extração de um dente (sim... nasceu-me um dente no céu da boca, contem lá uma melhor que esta!) eu pude atravessar Carcavelos inteiro toda inchada e de costas quentes por ter a minha mãe a explicar a todas as velhotas que passavam por mim que naquele dia não me podiam apertar.

Portanto sim, até temos os nossos fantasmas. Vá lá que a nós nos deu para aplicar o inverso na educação dos manos M&Ms, muito graças ao esforço que tivemos da parte das nossas mães de reforçar em casa as atitudes contrárias e de nos valorizarem enquanto individuos, porque na maioria das vezes o que acontece é que quem sofre as humilhações, os abusos, as agressões físicas, verbais ou psicológicas, perpetua o comportamento junto de gerações seguintes (o que já está mais que estudado e validado pela comunidade científica). E isso tanto pode significar aplicar o mesmo tipo de comportamento no seio familiar quando a pessoa se tornar pai/mãe, como pode significar fazê-lo num meio empresarial quando a pessoa esteja num cargo com poder hierárquico sobre outras pessoas ou até mesmo num meio escolar se for uma pessoa que enverede pela carreira na educação.

As "pequenas" coisas podem não ser assim tão pequenas quando analisadas a uma perspetiva mais alargada. E se formos a pensar bem, na nossa própria infância tivemos uma série de "pequenas coisas" que hoje dispensavamos recordar e que sabemos que em nada de positivo influenciaram a pessoa que somos hoje.
Este é, portanto, um assunto de importância não só a nível familiar como a nível social. Estes pequenos detalhes são o que pode vir a fazer a diferença no futuro de uma criança entre dizer e manter um "não" ou permitir que uma figura de aparente poder superior abuse de si. Seja o patrão, seja um craque da bola.

Para terminar vou já de antemão publicar uma ou duas fotos que tenho aqui guardadas da minha pessoa para poupar ao trabalho de irem vasculhar as minhas redes sociais. Assim podem já enxovalhar-me à vontade e dizer que a minha opinião não é válida porque gosto de me vestir de preto e ouvir bandas de metal.

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27
Set18

Bonitas prateleiras engordam vacas

Vera

 

Cruzei-me hoje com uma imagem que reflete o marketing abusivo e enganador a que estamos sujeitos todos os dias. Neste caso pontual trata-se de uma marca de leite, que já foi muito criticada por criar um leite COM aveia e outra COM amêndoas (não bebida de aveia nem de amêndoas, ainda que o de amêndoas eles cheguem ao cúmulo de tentar com o trocadilho do D de amêndoa que o consumidor leia "De amêndoa"). Esta marca (que não vou dizer qual é mas que começa com MIM e termina em OSA) foi ainda mais longe e (a troco dos quantos milhares de euros que a organização das prateleiras rende aos hipermercados), colocou estrategicamente estes leites ao lado das bebidas vegetais!!!!!!!

 

E porque é que isto não é um off-topic às minhas reflexões de #mãedeMMs ? Porque neste momento estando a par com tantas outras mães que estão a iniciar ou já iniciaram a introdução alimentar dos seus bebés, entendo que a maior preocupação de todas será obviamente dar-lhes aquilo que seja o melhor e mais adequado. Mas nem tudo o que parece é.

Infelizmente, tal como nesta estratégia descarada e abusiva, também em tudo o que se relaciona com a alimentação infantil existe manipulação com vista ao lucro das marcas. Pelo que muitas vezes se encontram produtos que são exatamente os mesmos que os vendidos nos segmentos "tradicionais", mas que só por dizerem "especial criança" ou "para bebé" vão levar mais uns euros da carteira.

Mas ainda pior que isto é que esses ditos produtos especiais para criança, não só são disparatadamente mais caros como também são prejudiciais à nossa saúde (sim, é um caso de saúde pública) pois a grande maioria está feito de modo a que a criança depois venha a rejeitar outros tipos de alimentos ou marcas. Como? Adicionando açúcares (muitos deles escondidos nos rotulos atrás das siglas "E-qualquer coisa" ou com nomes pomposos como dextrose e afins), corantes, aromas artificiais, e uma catrefada de outras coisas que vão fazer com que aqueles sejam os preferidos dos miúdos, que levam os pais a fazer escolhas emocionais na altura de colocar os produtos no carrinho.

 

Se estão prestes a introduzir a alimentação complementar aos vossos bebés, está também na altura de perderem algum tempinho a estudar rótulos e a perceber quais são as melhores escolhas. Mas deixo já uma listinha de produtos que poderão já riscar da lista de compras para sempre:

- os iogurte "o meu primeiro" (seja que marca for, tem sempre açúcar. Optem por iogurtes naturais. De marca branca de preferência ou feitos em casa

- leites "especial crescimento" (idem... Se mantiverem o aleitamento materno então nem sequer precisam de se preocupar com isso) 

- "a minha primeira bolacha" (por exemplo aquelas da com o forma, carregadinhas de aromas artificiais e açúcar)

- iogulinos e afins (são sobremesas lácteas e não iogurtes mas ainda há quem recomende como iogurtes)

- frutas em garrafa ou pote (blá-blá-blá Whiskas saquetas)

 

Portanto se realmente é uma preocupação vossa esta de dar desde cedo aos vossos filhos o que são as melhores escolhas, devem começar os hábitos desde já. Isto obviamente que é válido para quem pretenda manter esses hábitos ou fazer deles a principal referência na vida dos filhos enquanto bebé e posteriormente como crianças e jovens. Se for apenas para ter os cuidados até aos 12 meses ou 3 anos e depois liberar tudo e mais alguma coisa, sem sequer dar o exemplo em casa, nem vale a pena o esforço. ;p

25
Set18

Todos somos bebés

Vera

Hoje o Migui começou a explorar avidamente uma nova competência: rebolar até se virar. Já o começou a fazer há uns dias mas hoje por duas vezes seguidas insistiu em fazê-lo mesmo ficando extremamente chateado após o conseguir. Enquanto ele o fazia, eu ao seu lado apenas observava aquele esforço (quase) sobre-humano e a sua concretização. Maravilhada, orgulhosa e atenta - apenas intervi quando ele já estava chateado após um bocado virado para baixo.

 

Eu sou completamente apaixonada pela fase da primeira infância. Poder observar todas as aquisições, celebrar cada conquista, testemunhar cada meta alcançada é fenomenal e dá-me uma sensação de realização brutal. Não é por acaso que abri precisamente uma creche. 

Fico fascinada com esta capacidade de resiliência e de superação que as crianças e em particular os bebés têm. Mas por outro lado isso leva-me a refletir sobre a perda destas qualidades ao longo da vida. 

 

Como gosto muito de refletir à luz de analogias, esta foi a que imediatamente se desenhou na minha cabeça:

Está um bebé na sua "bebelandia" deitado de costas, enquanto outro bebé passa por ele a gatinhar e pára ao seu lado. Observando o que gatinha, o primeiro bebé começa a rodar lentamente o corpo, dá um impulso com as pernas, fica de lado, mas volta à posição inicial pois não tinha dado impulso suficiente. 

Nisto mais dois bebés que estavam ali por perto, também eles deitados, observam a situação e em "bebéês" começam a comentar:

"Olha, olha... Aquele está a achar que vai conseguir rebolar sozinho."

"Pois é, deve achar que vai para aí andar de pé algum dia."

O bebé deitado ficou preso naquelas palavras e nunca mais rebolou, gatinhou ou andou. 

Fim. 

 

É ridículo pensar que alguma vez isto se poderia passar não é? Todos sabemos que os bebés crescem e vão ganhando competências e alcançando as suas metas de desenvolvimento. E normalmente, em ambientes saudáveis, os adultos que rodeiam o bebé (e até as crianças) promovem esse crescimento, incentivam, apoiam, estimulam. E o bebé cresce saudável, feliz e atinge os seus objetivos de se tornar uma criança, um jovem e por fim um adulto. 

E mesmo que não tenha muita gente a puxar por ele diariamente, ele possui essa tal resiliência que vai fazer com que tente, uma e outra vez até conseguir. Quando começa a andar, por exemplo, o bebé esforça-se por conseguir pôr-se de pé, depois tenta dar o primeiro passo e cai. Mas levanta-se de novo e tenta outra vez. Não desiste enquanto não consegue - pois se isso acontecesse não teríamos chegado ao que somos hoje enquanto Humanos. 

 

A resiliência está no dicionário priberam como "Capacidade de superarde recuperar de adversidades." e ela existe em todos nós. Mas infelizmente ao longo da vida vamo-nos desabituando de viver com ela. 

Pode começar quando nos negam a capacidade de subir a uma árvore porque "nos podemos magoar", ou nos impedem de brincar com determinado brinquedo porque "isso é de menino" ou o contrário. E assim, lentamente ao longo da vida, vamos (ou vão-nos) matando esse bichinho da superação, essa vitamina de coragem, e apagando a pessoa destemida que há em nós. Sempre a título de "não é assim que se faz" , "achas mesmo que vais conseguir" ou "aqueles só fazem assim porque são grandes".

 

Mas não tem que ser assim. E mesmo que tenhas toda a vida sentido que não eras capaz ou que não devias sequer tentar, acredita que ainda terás uma chama desse bebé que não desiste dentro de ti. É que se até tiveste o azar de sempre teres vivido rodeado de pessoas que não acreditam em ti, tens sempre uma pessoa a quem podes recorrer: a ti mesmo! 

 

Tu tens o poder, tu tens a força de conseguir atingir os teus objetivos! Que os consigas atingir amanhã, daqui a um mês, ou daqui a um ano, não te posso prometer porque não conheço a dimensão dos teus sonhos. Mas sejam eles pequenos ou grandes sonhos, eles não só não se realizam de um dia para o outro como não se realizam de todo se não deres o primeiro passo. 

E se achares que é difícil começar, lembra-te que também já foste um bebé. Conseguiste rebolar, gatinhar, andar e falar. 

 

E agora. O que é que te impede de voar? 

 

23
Set18

Grão a grão se enche a galinha de sapo

Vera

Muitos sapos engolimos nós na maternidade.

Não interessa que tipo de pessoas somos: de ideias muito fixas, mais ou menos influenciaveis, de mente mais aberta... É que não interessa mesmo. Haverá sempre qualquer coisa sobre a qual tínhamos a certeza absoluta que íamos fazer de determinado modo e que depois nos sai o tiro pela culatra. 

Eu tive exatamente esta experiência com a minha filha. Do alto do meu "achismo" quis que ela se habituasse a dormir sozinha no quarto dela logo aos 4 meses (que absurdo isso é para mim agora), obrigando-me a levantar duas e três vezes por noite para lhe ir dar mama (eu só podia ser louca!!!) e mesmo completamente exausta destas viagens noturnas entre quartos achava que era no melhor que estava a fazer. 

 

Como educadora sempre ouvi e tive como absolutas as teorias de que a criança deve aprender a dormir sozinha (what?!),  e que se preciso for, deve chorar um pouco e não ser respondida (WTF?!), coisa que eu cheguei mesmo a recomendar alguns pais de fazer (ok, estou a autoflagelar-me mentalmente nesta parte; felizmente que não o chegaram a fazer).

Até que se deu aquela fantástica transformação que fez de mim mãe. Mas ainda assim levei meses a insistir na teoria e prática, até porque por acaso funcionava (excepto no que diz respeito a eu parecer uma morta viva devido às minhas viagens noturnas para amamentar).

 

Até que a Mariana ganhou vontade própria e se manifestou. Não queria grades à sua volta e para mim adormecê-la era um martírio pois o berço era um autêntico entrave para poder aconchegá-la até que adormecesse. Ora ficava quase uma hora para a adormecer no cadeirão para depois a pousar no berço em câmara lenta e rezar para não acordar (estão a ver a famosa imagem de pousar 1kg de TNT dentro do berço?), ora a metia no berço e ficava toda curvada para estar quase em cima dela para que sentisse a minha presença, desistindo a pouco e pouco dessa posição para ir escorregando até ficar de joelhos no chão e só com um braço pendurado dentro do berço, que dois minutos depois ficava dormente e eu tinha de o tirar de lá de dentro como se fosse um presunto fumado, totalmente inanimado. Não dava, era desesperante e tinha de haver alternativas! 

 

Foi na procura por essas alternativas que ouvi falar pela primeira vez do quarto Montessoriano, que acabamos por adoptar. Comprámos um estrado e um colchão de adulto e colocamos no chão, com um pouco de tapete tatami à volta. E efetivamente foi uma solução vencedora, pois como facilmente me deitava na cama dela era simple adormecê-la.

Mas eram mais as vezes que eu acabava a adormecer no quarto dela do que ir apenas adormecê-la. Era frequente acordar de madrugada com as luzes todas acesas, desconfortável porque estava com a roupa ainda do dia anterior vestida, com aquela sensação de ter deixado tudo a meio e nem por isso ter dormido bem até aquela hora. Era frustrante. Mas, OK... Ao menos conseguia adormecer a miúda! 

Até que chegaram as viroses e aí não havia como dar a volta, era mesmo na nossa cama que dormia, mamava, adormecia e acordava. E era tão mais simples!!! Dormiamos todos muito melhor e muito mais felizes. 

 

 

O descanso era efetivo o que nos permitia aproveitar muito melhor o tempo que estávamos acordados. E depois de uma dessas viroses, não voltou para a cama dela tão depressa. Pelo menos não definitivamente - há dias em que quer lá dormir e até tivemos a rotina de lá se deitar diariamente mas acabava por vir para a nossa cama a meio da noite à mesma. 

 

Quando engravidei de novo, a rotina passou mesmo a ser toda feita na nossa cama pois a determinada altura eu própria precisei de poder ter o conforto e o espaço que só a cama de casal me ofereciam pois sabia que ia adormecer com ela. 

 

Por isso assim foi desde o começo com o Miguel. Foi montado o berço next2me ao lado da cama, de forma a ele dormir junto a mim mas em segurança, e é lá que dorme desde que nasceu, sempre ao meu lado e mamando as vezes que precisa durante a noite (a maior parte delas quase sem despertarmos). Quando me perguntam se ele dorme a noite toda, respondo que sim pois efetivamente é o que acontece, seja mamando apenas uma vez ou trinta vezes ao longo da noite. Sinto-me como se fosse a mãe de um bebé já com quase dois anos porque a verdade é que só quando a Mariana tinha essa idade é que entrei no sistema de "breastsleeping" que me permitia amamentar durante a noite sem prejudicar o nosso descanso. E é tão bom e recomendo!!!  É e assim será até serem eles querer sair da nossa cama.

Quanto às teorias de que o co-sleeping dá origem a adultos dependentes e inseguros, bastava apenas conhecerem a Mariana para verem que ela é muito mais independente, segura e destemida do que muitos adultos que dormiram toda a vida sozinhos. Mas para quem não conhece a Mariana, deixo sempre alguns argumentos que valem a reflexão:

- Qual é o adulto saudável e emocionalmente equilibrado que não gosta de dormir acompanhado?

- Se os casais gostam de dormir juntos pela companhia, pelo conforto, pela manifestação do carinho que sentem um pelo outro, porque é que uma criança tem de se habituar a dormir sozinha? 

- Se somos mamíferos e todos os mamíferos vivem em comunidade fazendo do descanso em conjunto uma das formas de sobrevivência, porque negamos esse instinto aos nossos bebés? 

 

E a minha preferida... 

- Será que na idade da pedra os casais se mudavam para uma caverna T2 quando tinham um filho?

 

Para terminar partilho aquilo que a Mariana me respondeu ao perguntar-lhe uma vez quando é que ela ia passar a dormir sempre no quarto dela: "Vou quando o Miguel crescer e for comigo." E para mim esta resposta disse-me tudo o que eu precisava de saber.

Acima de tudo o que é mais importante é que optemos com sensatez, aceitando que não existe apenas uma forma correta de fazer as coisas, pelo bem dos nossos filhos e pela nossa sanidade mental. 

O que funciona para nós pode não ser o que funciona para outra família. Mas o que importa é que o que se adopte como sistema funcione do melhor modo para todos e isso não vem nos livros, temos de ser nós a descobrir. 

 

Mesmo engolindo muitos sapos!!! 

02
Set18

A dança perfeita

Vera

Estar grávida para mim, foi sempre sinónimo de interrupção das duas rodas. Mas nesta gravidez acabei por ter as minhas viagens no pensamento mais do que alguma vez imaginei. 

 

Como já falei antes, escolhi ser acompanhada por uma Doula durante a gravidez para que estivesse o mais preparada possível para o trabalho de parto. Para quem não sabe, o trabalho da Doula passa pelo apoio físico e emocional da mulher e do casal, pelo que as sessões durante a gravidez são da maior importância por darem à mulher toda a confiança que precisa para o seu momento e ajudarem o pai a desempenhar o seu papel de "Guardião do Parto" (esta é uma definição muito resumida do trabalho de uma Doula, sobre o qual irei escrever com mais pormenor mais tarde). 

Numa das nossas primeiras sessões, a nossa Doula, a Cristina, falava-nos do papel do pai durante o trabalho de parto e de como é importante que ele conheça bem os desejos e escolhas da mulher, a forma como a deixar confortável, e outros pormenores tais, para que no momento em que ela esteja a lidar com as contrações ele possa ir ajudando sem que seja necessário a mulher desfocar-se do seu processo. Seria então como se estivessem numa dança em que um segue os passos do outro... 

Ora aqui é que o quadro ficou borrado!!! O Nuno tem dois pés esquerdos e pensar neste papel com um desempenho semelhante às tentativas dele de dançar era meio caminho andado para as coisas não correrem de feição! 

Mas nós somos um casal, a sincronia há de existir em algures na relação senão não estaríamos juntos, certo? 

Foi então que me lembrei do quão maravilhoso é quando andamos de mota juntos!!! Aí sim, tal como uma dança, completamos os nossos movimentos, desenhamos na estrada a nossa trajetória como se lessemos os pensamentos um do outro. Seguimo-nos por quilómetros sem trocar uma palavra mas antecipando cada mudança de direção, cada ultrapassagem, cada provocação para ir mais rápido ou curvar mais. As nossas motas fazem um autêntico bailado em sincronia e essa era a comparação perfeita para o que precisávamos enquanto decorresse o trabalho de parto! 

 

Mas não ficou por aqui.

Também a lidar com as contrações pude beneficiar da minha experiência nas duas rodas. 

 

A Cristina propôs-me a fazer  uma analogia com alguma circunstância na minha vida em que, tal como uma contração, eu fizesse algum esforço sabendo que na altura mais difícil desse esforço estivesse perto de alcançar um objetivo. Lembrei-me então do Lés a Lés, no qual eu participei já algumas vezes. Para quem não sabe do que se trata, o Portugal de Lés a Lés é uma espécie de prova onde fazemos mais de 1000km em apenas 3 dias, que tem etapas, tempos, prazos. O objetivo final é conseguir chegar ao destino (gozando de um passeio turístico fenomenal) passando por todos os pontos do percurso, dentro do timing estabelecido (ainda que seja uma viagem de passeio, não uma corrida).

Mas chega a uma altura que começa a custar. Doem as mãos, doem as costas, os braços, a cabeça. Estamos cansados, desconfortáveis, com fome e sede. Mas em cada etapa que alcançamos permitimo-nos a descansar um pouco e voltamos a arrancar pois sabemos que estamos cada vez mais próximos de chegar ao fim e que quando atingirmos aquele ponto em que já só queremos desistir, chegamos à meta!

Assim é com o trabalho de parto, em que cada contração nos faz ficar mais próximas do objetivo que é termos o nosso bebé, e que entre cada pico de dor temos alguns momentos que nos permitem recuperar e ganhar coragem para a seguinte. As dores vão aumentando conforme estejamos mais próximas do nascimento do bebé e é precisamente na fase em que achamos que já não vamos aguentar mais que o final esperado está próximo. É tão simples como isto! 

 

Mas claro que tudo isto requer uma preparação interior para que se possa lidar com o processo e aceitar a dor. O problema de hoje em dia é que as pessoas não aprendem a lidar com a dor pois desde cedo com qualquer coisinha insignificante se procura de imediato medicação e analgesia. Isso, juntamente com a excessiva medicalização do parto (que como se sabe leva muitas vezes à interrupção do normal decorrer do trabalho de parto e até a complicações no nascimento) fez com que se perdesse um importante elo de partilha entre mulheres do testemunho do parto natural. Pelo contrário, os testemunhos que mais se partilham são os da desgraça, do sofrimento, do terror. Com isto é normal que haja poucas mulheres com exemplos à sua volta que lhes permitam desejar ter um parto natural e terem a confiança necessária para aceitar que o seu corpo é capaz de parir naturalmente conduzindo-as durante todo o processo. 

 

Por isso é que considero os relatos de partos tão importantes. Somos nós que temos o poder de nos empoderarmos umas às outras e é isso que me leva também a partilhar as histórias com finais (e meios) felizes. Porque na verdade esses até são os mais comuns, ainda que pareça o contrário. 

A reflexão é outra das formas de nos prepararmos  para esses momentos. A minha acabou por ser feita com a ajuda deste mundo das motas, mas cada mulher terá em si a analogia e a força que precisa para encarar este momento. 

E se acharem que não a têm, poderão sempre procurar o apoio de uma Doula, que vos ajudará a encontrá-la. Mas isso fica para um outro post! 

 

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01
Set18

Saltos Altos, Duas Rodas e M&Ms

Vera

Há uns anos decidi criar um blog para partilhar algumas das minhas viagens e passeios de mota. Dei-lhe o nome de Saltos Altos e Duas Rodas.
O blog ficou parado quando me tornei empresária (altura em que abri a escola) , pois o meu tempo foi totalmente canalizado para o desenvolvimento desse meu projeto.
Mas voltei a partilhar bastantes reflexões após me tornar mãe.
Descobri a importância do testemunho na maternidade e parentalidade e quis tornar isso também um projeto pessoal, fazendo por partilhar junto das mães que me rodeavam alguns dos meus pontos de vista.
Depois de muitos quilómetros (alguns de estrada e outros de texto), decidi juntar tudo o que tenho vir a escrever como Mãe de M&Ms no blog que já tinha, renascendo assim como "Saltos Altos, Duas Rodas e M&Ms".
Aqui vão encontrar tudo um pouco do que sou e do estilo de vida que levo, sempre com algum humor (e por vezes hormonas) à mistura!

Enjoy...!

 

 

30
Ago18

Era uma vez um complô

Vera

Mariana vê o pai a sair de mota. Quer esperar até ele arrancar e só depois se volta para ir para casa...

E então vira-se para mim e do alto dos seus quatro anos diz:

"O papá foi na mota dele para o trabalho. Amanhã eu posso andar na tua mota mamã? Assim o papá chega e eu vou na tua mota."

 

 

 

Sinto que estou a ser tramada no meio disto tudo...

22
Ago18

Montessori... Moda ou modo?

Vera

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Aqui há dias via num grupo um post sobre o tão na moda quarto Montessoriano. Perante a minha resposta, de fazer do método mais do que uma decoração, perguntaram-me que mais eu fazia além de ter montado um quarto Montessori à Mariana. Comecei a escrever e de repente parei. Mas não foi um bloqueio o que me deu...

 

Comecei por escrever como tinha na casa de banho um espelho acima do bidé, que foi o sitio que a Mariana começou por utilizar para lavar as mãos e os dentes, sozinha e tendo tudo ao seu alcance. Mas à

 

medida que quis amadurecer a ideia percebi o quão extensa teria de ser aquela resposta. Pois aquilo que caracteriza o método é, como acabei por responder, um estilo de vida e um modo de estar e educar. Hoje em dia faço-o sem pensar e instintivamente procuro que toda a rotina e "organização" (vá... No nosso caso é mais caos, o que não é nada Montessoriano da nossa parte) em que vivemos seja pensado também em função de um ser pequenino que por aqui anda e participa (e a caminho de serem dois). Há escadinhas junto de balcões... Gavetas com brinquedos em cada divisão... Comida e água acessível... Roupa da Mariana sempre à mão...

E foi com essa naturalidade que hoje apenas lhe disse: "Hoje vais ajudar-me a fazer uma sopa. Traz-me os legumes que achas que devemos usar." e cheia de si pegou no escadote, abriu a porta do frigorífico e começou a tirar as cenouras, os brócolos, couve, pimento (esse não pus na sopa mas aproveitei para temperar o jantar já que ela o levou). Ainda perguntou se íamos precisar de tomate e de ovos, e eu a medo também pedi uma courgette achando que ela não sabia o que era, mas que trouxe logo à primeira. Depois ainda me trouxe alho e cebola, a meu pedido. 

Olhei para o balcão e fiquei a pensar: "Bem, ao menos não é uma daquelas crianças que não sabe o que é um legume." e à medida que fui descascando cada um (e ela já ia roendo a cenoura que me exigiu de imediato) fui pensando nestes pequenos pormenores do dia a dia que tanto fazem a diferença..!

Preferimos uma birra potenciada pelo stress de tentar umas compras rápidas ou a participação dela a apanhar a lista de compras pelos corredores, ainda que isso leve mais tempo? (com o extra de ficar a conhecer o que come)

Preferimos despachar o banho e ter uma WC sem água no chão ou dar-lhe o tempo que precisa para brincar e aprender a lavar-se sozinha? (com o extra de nos dias de aperto já praticamente poder tomar o banho sozinha, por exemplo enquanto ao lado dou o banho ao irmão?)

Preferimos fazer tudo rápido por eles ou esperar que aprendam cada tarefa mesmo que depois exijam fazer tudo sozinhos e levem o triplo do tempo que nós levamos? (com o extra de nos aparecerem à frente já vestidos e prontos para sair de casa quando menos esperamos)

 

.... E aqui podia ficar eternamente a arranjar exemplos... São já 4 anos a "Montessorizar" com a Mariana, uns dias com mais surpresas do que outros (OK, acordar as 4h da manhã e a miúda estar a fazer torradas também não acontece todos os dias! )... Mas com a certeza de que se sente tal e qual como uma das coisas que primeiro aprendeu a dizer com todo o orgulho: "EU SOU CAPAZ!!!" ❤️❤️❤️❤️

 

#mãedeMMs #montessori #eusoucapaz #educaçãoconsciente

 

 

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