Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Saltos Altos, Duas Rodas e M&Ms

Crónicas e reflexões da mãe, motard e mulher dos sete ofícios.

Crónicas e reflexões da mãe, motard e mulher dos sete ofícios.

18
Ago18

Há quatro anos mãe...

Vera

IMG_20180818_114359.jpg

 Há dez anos quando comecei a trabalhar como educadora perguntavam-me com frequência, no contexto do meu trabalho, se eu era mãe. Na altura não compreendia e até me sentia algo ofendida por essa questão, como se colocassem em causa a qualidade do meu trabalho por ter ou não ter filhos.

Hoje não podia sentir mais empatia por quem me colocava essas questões. Porque ser mãe transforma-nos!

Faz hoje quatro anos que fui mãe da Mariana. E foi desde aí e com ela que me transformei numa pessoa melhor! Mais tolerante, mais paciente, mais apaixonada, mais perseverante, mais ambiciosa... Tornei-me por ela numa mãe ainda melhor para o irmão dela e ela tornou-se na melhor mana mais velha que o Miguel podia ter.

 

Obrigada filha, por me teres transformado numa Mãe! E ainda mais obrigada por me teres escolhido para tua Mãe!!!! ❤️❤️❤️

13
Ago18

Ninguem disse que era fácil, mas não custa tentar...

Vera

Há seis anos eu lançava-me numa das maiores aventuras da minha vida...

Com apenas 25 anos agarrei uma oportunidade que me surgiu de repente e sobre a qual tive apenas dias para decidir se arriscava ou não...

Não...

Não vos estou a falar na Oriflame.

Ha seis anos atrás e com apenas 25 anos eu decidi agarrar numa creche que tinha acabado de avisar os pais todos que dali a 3 semanas em Setembro, já não iria abrir. E eu decidi que ia abrir sim!!!

Foram 3 semanas apenas em que tive de voltar a relembrar tudo sobre o que era a rotina, não de uma sala de creche mas de toda uma escola, após alguns anos afastada da área. Apenas 3 semanas para tentar falar com algumas das famílias das quais tinha por milagre conseguido o contacto para tentar que ainda ficassem ali. E a maioria já tinha arranjado escola...

Abri dia 3 de Setembro a Escolinha da Kika com apenas 4 crianças. E assim foi no primeiro mês... Semana a semana a escola ia crescendo um pouquinho mais - fosse em novas crianças, em novas funcionárias, em formações, em novas e melhores condições... Nesse ano letivo terminamos já com cerca de 20 crianças inscritas.

Fomos crescendo e aprendendo... Definimos cada vez melhor o que éramos e o que queríamos. Construí a escola dos meus sonhos e à imagem daquilo que sempre acreditei ser o ideal.

As vagas começaram a ficar preenchidas cada vez mais cedo de um ano para o outro. As listas de espera foram aumentando... Apenas 3 anos depois a escola tinha já a lotação completa e o processo de licenciamento que anteriormente ninguém se interessou por concluir ficou feito! 

Começamos a ser procurados por famílias que vinham de cada vez mais longe porque faziam questão de ter ali os seus filhos. Atraímos por mais do que uma vez e mais do que um motivo a comunicação social... Começamos a ser recomendados por profissionais de saúde, por outras escolas e, principalmente, por muitas famílias!

Temas como amamentação, comida saudável, baby led weaning, respeito pelo ritmo da criança, baby wearing, inclusão da família na vida escolar, disciplina positiva, educação consciente... Passaram a ser temas que nos definem. E definem tão bem!!!!

 

Hoje olho para tudo aquilo que construí e sinto um orgulho e realização enormes!!!

 

E tudo porque naquele momento, há seis anos e com apenas 25 anos, não tive medo e arrisquei!!! E se não o tivesse feito?

01
Ago18

O outro lado da barricada

Vera

Screenshot_20180901_121932.jpg

 

Sou CAM mas também sou mãe.

 Às vezes é um papel injusto pq quero ser só uma delas em certas ocasiões. E por isso venho partilhar uma situação que tem sido objeto de alguma apreensão e so em casos pontuais tenho partilhado com outras mães. Mas a verdade é que como mãe já começava a ficar um pouco ansiosa... 

 

Este an irei viajar para a Tailândia para finais de Setembro e por isso tenho estado a fazer stock de LM.

Após as seis semanas recomendadas experimentei o biberão. Vá-se lá entender porquê, apesar de não aceitar chucha, o Migui mamou logo sem problema no biberão e isso deixou-me descansada. Até que o deixei pela primeira vez com a minha mãe e ao fim de umas horas me liga a dizer que ele não mama no biberão. E foram várias as tentativas após isso mas sem sucesso.

Como CAM conheço várias alternativas que comecei a ponderar: colher, finger feeding, copinho... Mas como há sempre aquela cisma com o biberão sentia-me ansiosa e pressionada para conseguir que ele conseguisse apesar de sempre achar o finger feeding a opção mais fácil para ele - excepto na parte de conseguir encontrar sondas que é o mais difícil. Fui então pedir ajuda a uma das minhas formadoras que me sugeriu antes disso tentar a técnica da colher mas usando um colher-biberão.

A primeira experiência foi péssima. O leite jorrava do biberão para a colher, depois caia sobre ele... Ele engasgava-se e chorava, o pai estava mega ansioso... Todo um drama! 

Voltamos a tentar biberão, que foi um drama ainda maior.

Até que desisti e pensei tentar de novo após as férias. Em conversa com a minha Doula ela lembrou-me das coisas que eu digo aos pais quando vão por os bebés no berçário... Que não stressem por antecipação pois eles crescem muito rápido e mudam. Assim interiorizei.

Hoje do nada estava ele muito tranquilo e eu também, senti que tínhamos o ambiente propício a uma nova experiência. Optei por colocar na expreguicadeira (outro erro anterior foi ele estar sempre ao colo) e com calma e muita conversa lá fui oferecendo. A ideia era só experimentar para que ele se pudesse ir acostumando. Mas numa sensação de conta gotas, em pouco tempo foram os 50ml que eu tinha colocado! 

 

Fica assim o testemunho para as mães que possam estar receosas por eles não aceitarem biberão. Há mesmo várias alternativas e mesmo que não funcione à primeira poderemos sempre tentar de novo e com mais tranquilidade!

 

Sinto-me de certo modo grata por ter passado por esta experiência pois trouxe-me maior empatia por quem me procura pelos mesmos motivos. Poder sugerir alternativas por conhecer a teoria mas também pela prática e no papel de mãe será com toda a certeza muito mais realista a parti de hoje! ❤️❤️❤️

26
Jul18

Realidade, muito prazer!

Vera

Olá mundo!
Eu sou a Realidade!
Hoje venho apresentar um corpo de pós parto. Este é o meu. Existem uns quantos milhões como este,assim como outros tantos milhões que serão ora mais largos,ora mais estreitos...ora mais flácidos ora mais rijos...
Portanto a minha mensagem de hoje, mais uma vez, é: orgulhem-se do que são! MÃES!
De um... de dois... de três... não interessa de quantos filhos!!!

O mundo não tem que esperar que tenha hoje, 60 dias após fazer nascer uma criança, um corpo igual ao de um que nunca gerou uma vida.
Mundo, eu sou a REALIDADE. Quem tem de mudar és tu!!!

;)

#notpregnant #maedeMMs #novemesesparaincharenovemesespradesinchar

FB_IMG_1535841945415.jpg

FB_IMG_1535841940885.jpg

 

13
Jul18

Espécie: Palpiteirus incomudus

Vera

Quando uma mulher se torna mãe existe todo um conjunto de pessoas que imediatamente a promove a "propriedade alheia" e como tal sente-se na obrigação de, no alto da sua (não) formação médica e científica, a criticar e desacreditar em tudo o que faça. A esta classe de gente se dá o nome de palpiteiros, os tais que muita vezes sem conhecimento de causa, cospem barbaridades à velocidade da luz e colocam uma mãe no fosso da dúvida e incompetencia em três tempos. 

 

Para essas pessoas existem apenas dois motivos para um bebé chorar: fome e cólicas. E se é fome é porque o leite é fraco. Então toca de espetar leite artificial na criança - a maior parte das vezes nem é porque a mãe assim o queira mas porque tanto a fazem acreditar que o seu bebé só pode ter fome que cedem à sua pressão (e a todas as consequências que isso futuramente traz). E se é cólicas é porque precisa de tomar o medicamento. Toca a experimentar as gotas milagrosas - que de milagroso não têm nada senão não existia 23 ou 48 variedades diferentes delas (as quais cada família experimenta pelo menos umas 5 diferentes até encontrar as que "resolvem" o problema).

 

Mas estas novas mães podiam ser pessoas diferente. Podiam ser pessoas a quem os palpiteiros não incomodavam e assim se sentiam muito mais tranquilas e seguras. Alguma têm a sorte de estar bem informadas e assim não sofrerem com os ataques deles, qual escudo protetor anti-desinformação. 

 

E sabem o que é ainda mais magnífico? São os bebés destas mães! São bebés que não choram de fome e cólicas (apenas). São bebés que choram por frio e calor... São bebés que choram por barulho e claridade... São bebés que choram por cansaço e por medo... São bebés que choram... só porque sim ou porque não! E um bebé que tenha mais motivos por que chorar, é um bebé feliz pois é aquele a quem a mãe estará segura e tranquila o suficiente para o poder "ler" e poder responder com toda a segurança à real necessidade que ele está a manifestar. 

 

Palpiteiros: as mães e os bebés são todos diferentes. Querem ser realmente prestarveis? Parem de dizer disparates a mães, que para ansiedade já lhes basta esta novidade de ter uma cria que cuidar!

 

Mães: confiem nas nossas intuições e procurem quem vos queira realmente ajudar e entenda dos assuntos que vos suscitem duvida. Tudo o resto "Wave and Smile!"

 

#maedeMMs #raispartaospalpiteiros #voucomeçaracolecionarperolasdepalpiteiros

07
Jun18

Dá tempo a ti mesma...

Vera

Esta é a parte que não te contam... 

O pós-parto não vem nas revistas, pouco é partilhado nos feeds de Facebook, poucas mulheres gostam (ou conseguem sequer embrar-se) de se ver ao espelho depois de terem trazido um novo ser ao mundo. 

E quando existe essa partilha, na maioria das vezes vem acompanhada com a mensagem "apenas 4 semanas após o parto e tenho o meu corpo de volta!" 

 

Mas todas somos diferentes... fizemos barrigas diferentes e iremos regressar às formas de maneira diferente (ou viremos a ter formas diferentes até). Mas calma... Não é nenhuma corrida... Temos tempo!!! 

Dá tempo a ti mesma.... 

O nosso corpo passou por algo maravilhoso e levou cerca de 9 meses a transformar-se. Seria o mais óbvio que lhe dessemos pelo menos 9 meses a voltar à sua forma anterior. 

Mas a sociedade não te quer dar nove meses? Mas sabes que mais?? O corpo é teu...! 

 

(Edit: este não é um desabafo. É uma mensagem de força para todas as recém mamãs que não se conformam porque "ainda" não cabem na roupa anterior à gravidez. ;) ❤ )

 

#datempoatimesma #ocorpoemeu #4weeksNOTpregnant

 

FB_IMG_1535846175366.jpg

 

 

02
Jun18

O pico das quatro semanas

Vera

E que nem calendário solar, as quatro semanas trazem o primeiro pico de crescimento.
Este é o momento em que a amamentação mais fica comprometida pela falta de informação e pela pressão social dos palpiteiros, os famosos treinadores de bancada da maternidade, que disparam rajadas de "conhecimento" da Farinha Amparo.
"Coitadinho tem fome"
"O teu leite é fraco"
"Estás a ficar sem leite"
"Já está a ficar mal habituado"
"Precisa de leite em pó"

São alguns dos preciosismos que se ouve durante os picos de crescimento.
E isto porque?!

- Ficamos com as mamas mais moles. - Finalmente a produção estabilizou. O nosso organismo começou a perceber as quantidades que o bebé precisa e em vez da sensação de peso e rigidez a que nos habituamos nas semanas anteriores provenientes da produção de leite em excesso, as mamas ficam com um aspeto muito mais "vazio". Mas isso não quer dizer absolutamente nada em relação à capacidade de alimentar o nosso bebé, já que a maior parte do leite que ele extrai é produzido no momento da mamada.

- O bebé quer estar sempre na mama. Se por um lado a produção já estabilizou de acordo com as necessidades do bebé, por outro também este vai aumentando a quantidade de leite que necessita de ingerir. Mas como não temos nenhuma app nem dispomos de capacidades telepaticas que permitam ao nosso cérebro adivinhar que quantidade o bebé vai passar a precisar de consumir, a única forma que ele tem de transmitir ao nosso organismo de que a produção tem de aumentar é precisamente pedindo mais! A produção responde à procura logo, para ter mais leite o bebé vai querer ir mais vezes à mama até que fique satisfeito com a quantidade que é produzida. É cansativo? É! Mas se dermos resposta em livre demanda rapidamente volta tudo ao normal!

- O bebé chora muito. Bem, esta não é uma verdade absoluta. A verdade é que se não olharmos aquilo que os outros dizem e agirmos conforme a nossa natureza nos impulsiona, o bebé até nem vai chorar assim tanto pois vê asseguradas as suas necessidades. "Ah mas eu dei mama ainda à meia hora e está a chorar" Então, mama com ele!!! Com certeza que se for essa a sua vontade, vai ficar tranquilo e continuar a mamar enquanto precisar e lho permitirmos, ora numa mama ora na outra.

E pois que desde o fim da tarde de ontem que é esta a minha vida! Estar com o Migui nos braços a satisfazer as necessidades dele, com um par de mamas aparentemente vazio mas que continua a faze-lo bolsar, a molhar as minhas camisolas e a fazer com que o meu perfume mais habitual do momento tenha aroma a queijo da ilha lolol

31
Mai18

O nascimento do Migui

Vera

vera1.png

 

A história do meu parto começa na minha primeira gravidez.

Sempre desejei um parto natural, respeitador, humanizado. E apesar de me ter informado bastante e até ter chegado a elaborar um plano de parto, uma ameaça de parto prematuro às 33 semanas veio a abalar a minha confiança e fez-me entregar-me totalmente à médica Obstetra que me seguia no privado (afinal eu mesma a escolhera como tal, porque não deveria confiar?). Isso levou a que o meu parto natural no termo, tão desejado, se transformasse num parto provocado às 36 semanas, sem grande justificação médica para tal. Isso aliado a uma série de intervenções decorrentes de procedimentos “rotineiros” do hospital para onde fui acabou por me fazer passar por um trabalho de parto onde não vi nenhum dos meus desejos respeitado (ainda que não sentisse que me faltasse ao respeito propriamente) e que terminou numa cesariana de urgência em que fui submetida a anestesia geral.

 

Seria uma história longa de se contar mas estes são os pormenores principais que me levaram a tomar algumas decisões na minha segunda gravidez: não quis ser acompanhada por mais do que a minha médica de família; desejava poder ser acompanhada por uma doula; faria o máximo por poder ter o parto natural que ainda desejava; pretendia ir para um local com práticas humanizadas.

 

A gravidez não poderia ter sido mais diferente da primeira: em termos físicos foi muito mais extenuante mas em termos psicológicos não podia estar mais tranquila com as minhas escolhas e desejos.

 

Perto do terceiro trimestre contactei a Cristina Cardigo para saber de que forma deveria eu escolher uma Doula. Penso que de alguma forma estaria já a sentir que ela deveria ser a pessoa que eu iria querer a acompanhar-me e ao meu marido na fase final da gravidez e a ajudar-nos a sentir-nos preparados para o parto.

 

As sessões que tivemos com ela foram focadas precisamente no trabalho de parto, os medos, expetativas, métodos de alívio da dor… À medida que íamos tendo estes momentos com a Cristina, aumentava a nossa convicção e a nossa confiança em nós mesmos para conduzir todo o processo com a maior das tranquilidades.

No geral os pontos centrais do nosso plano de parto passavam por fazer a maioria do Trabalho de Parto no conforto da nossa casa, chamando a Cristina para estar presente e apoiar durante esse período até que chegasse a hora de ir para o hospital, para o qual ela nos ajudaria a perceber qual seria o momento ideal. Escolhemos o Hospital Garcia de Orta devido às suas práticas humanizadas no bloco de partos e tínhamos como segunda opção o Hospital São Francisco Xavier, que fica a 5 minutos da nossa casa, caso fosse necessário chegar mais rapidamente.

 

A partir das 35/36 semanas comecei a ter bastantes mais contrações diariamente. O bebé já estava encaixado e a cada dia ia aprendendo a conviver e aceitar as pequenas dores que iam surgindo ou aumentando. Tinha sempre presente de que elas eram o sinal de se estar a aproximar a hora em que iria conhecer, da forma como desejava, o meu bebé, o Miguel.

 

Tornou-se um hábito ir falando com a Cristina ao longo do dia por mensagens, apenas para dizer como me sentia ou para tirar alguma dúvida sobre alguma situação. Foi nesta fase que cada vez mais me fez sentido ter escolhido ter o acompanhamento de uma doula, pela tranquilidade que sentia em poder esclarecer dúvidas e perceber que as coisas que ia sentindo eram ou não normais, e acima de tudo em ajudar-me a manter-me focada e confiante nas minhas escolhas. A partir das 38 semanas era ela que diariamente me mandava mensagens a perguntar logo pela manhã como eu tinha passado a noite e como me sentia. A verdade era que me sentia muito especial de cada vez que recebia um contacto dela e pensava sempre o quão importante seria que todas as grávidas pudessem ser assim acompanhadas!

 

A data prevista do parto (11 de maio) ia-se aproximando. Eu sentia claramente que estava na fase de prodromos já há algum tempo pois todos os dias o meu corpo entrava num ciclo de contrações regulares ao final da tarde, que duravam umas horas e depois acabavam por acalmar. Voltei a ter ataques de “nesting” e era assolada por diversas vezes por uma sensação de que precisava de aproveitar mais tempo com a minha filha, como se tivesse a despedir-me dela como filha única.

 

E também várias vezes me lembrava das palavras da Cristina, sobre fazer coisas que me dessem prazer para que ficasse inundada por ocitocina. Isso levou-me até a marcar uma saída com amigos, para ir ver um concerto de tributo a Bon Jovi num bar – fazia mais sentido para mim divertir-me a dançar e cantar do que propriamente me por a fazer grandes caminhadas e subir escadas como normalmente os médicos sugerem. E la fui para o concerto onde (ao ritmo que consegui) me diverti imenso!
O dia seguinte era o domingo de dia da mãe e iria estar também como gosto, a almoçar em família.

 

 

Mas quis o Miguel que eu tivesse a maior das prendas no dia da mãe!!!

 

Eram 6h certinhas quando me virei na cama e senti as roupa a ficar molhada. Não chegou a passar para a cama mas achei que não era só corrimento e realmente tinha já saído um bocado de rolhão, o penso estava um pouco rosado e as cuecas molhadas. Fiquei na dúvida, mas logo a seguir já na sanita me deu uma volta à barriga – outro sinal frequente do trabalho de parto. Nesta altura o meu cérebro lançou um “red alert”, fiquei nervosa e tive a certeza que era naquele dia que ele ia nascer. Mas ainda assim fiquei um bocado ainda a tentar perceber se realmente saía ou não mais líquido; no fundo estava a gerir expetativas, pois ao mesmo tempo que desejava muito que estivesse a acontecer, também não queria estar a entusiasmar-me com um falso alarme.

 

Entretanto liguei à Cristina e contei-lhe o que se estava a passar. Concordámos que ainda podia tentar descansar um pouco já que eu não sentia contrações e assim íamos falando e avaliando. Deitei-me por mais meia hora.

Pelas 6h40 senti começarem as contrações então fiquei um pouco na cama a contá-las – estavam ritmadas mas não muito certas, umas a 8 minutos outras a 3 outras a 5… e praticamente sem dor. Decido então ir para o banho mas a diarreia ainda me prende mais uns minutos. Quando entrei no duche liguei música para me distrair e ir cantando, e apesar de não conseguir estar sempre a contar os intervalos das contrações fui percebendo que elas estavam cada vez mais próximas pois tinha mais do que uma em cada música. Falei novamente com a Cristina – seria normal estar no duche e as contrações estarem menos espaçadas? Ela confirma que é realmente sinal de parto ativo, (caso não fosse, com o duche relaxava e abrandavam) e nesse momento pedi-lhe para ir ter comigo.

 

Apesar de estar com poucas dores estava com a sensação de estar a avançar depressa por isso achei que era o momento de também contactar a minha mãe, que tinha ficado com a Mariana durante a noite, para a deixar ao corrente da situação. Foi no decorrer dessa chamada que comecei a sentir dificuldade em falar durante as contrações. Isso levou-me a que sair do duche logo se seguida e pedir ao Nuno para por um vestido a postos e para ele comer… continuei a deambular pela casa e as contrações a aumentar de intensidade. Entrei rapidamente na fase em que quis desligar as luzes todas, falava cada vez menos, tinha vontade de vocalizar e me dobrar para a frente (sempre de pé)… os barulhos incomodavam, pedi ao Nuno que desligaste tudo o que era máquinas e mudasse a música pois a minha playlist alegre já me estava a incomodar. Ele perguntou o que eu queria ouvir e sei que respondi ” qualquer coisa que diga yoga, relaxamento, algo assim” (bem… na verdade não foram bem estas as palavras que eu usei, penso que dá para imaginar o tipo de termos que poderei ter usado nestas indicações).

 

Deviam ser umas 8h30 quando a Cristina chegou. Eu estava às escuras no hall da casa e ela nem me dirigiu a palavra ao entrar. Quando a contração seguinte surgiu ela abriu os braços e eu imediatamente me atirei para ela e a abracei para poder descansar o corpo enquanto a contração vinha. Ela cheirava a alfazema e isso soube-me bem e acalmou-me muito. Estivemos nisto durante mais três ou quatro contrações até que eu me senti a ficar com as pernas cansadas e fui para o quarto para me tentar deitar, mas as dores aumentaram logo de tal forma que nem sequer cheguei a tocar o corpo todo no colchão! Fiquei ali junto da cama nas contrações seguintes e foi aí que ela, que apenas devia estar em nossa casa há uns 15 ou 20 minutos, perguntou se tínhamos tudo pronto para sair de casa.

 

Neste momento caiu-me a ficha – estava mesmo próximo. Eu tinha a noção de que estava tudo a ir rápido mas ao mesmo tempo, na minha tal tendência de gerir as expetativas, não queria acreditar nisso com receio de depois ter ainda muitas horas pela frente. Mas ela disse-me que sim, estava a ir mesmo muito rápido e as contrações muito juntas. A minha reação imediata foi esquecer o Garcia de Orta e disse que queria ir para o São Francisco Xavier e pedi- lhe que me acompanhasse até lá.

 

A seguir um novo choque de realidade me vem à cabeça e digo “oh meu Deus, como é que eu vou conseguir ir para o carro?!?!!”

A Cristina tranquilizou-me – “Vamos quando achares que consegues. Se achares que não consegues o Nuno chama o INEM. Eu não sou médica, o Nuno não é médico. Se o Miguel tiver que nascer em casa o melhor para vocês é estarmos com um profissional”. Mas nascer em casa não estava de todo nos nossos planos! Levantei-me depois da contração seguinte e disse “Vamos embora!”

Mas não consegui passar do hall. As contrações repetiam-se e eu começava com vontade de fazer força o que levou logo a Cristina a pedir ao Nuno para ligar para o INEM. Neste momento eu cheguei a sentir algum medo porque achava que ele ia nascer a qualquer momento e, mais uma vez, aquele não era o nosso plano! Mas eles foram super rápidos e 5 minutos depois já estava a o a ouvir as sirenes da ambulância. Aí fiquei mais tranquila e permiti que o meu corpo pudesse continuar a trabalhar. E foi tudo muito primitivo: o meu corpo adoptava as posições e fazia as forças que precisava sem que eu pensasse. Ouvia ao fundo que estava a gritar enquanto já fazia força (acho que é a isto que chamam entrar na partolandia) mas ao mesmo tempo parecia que não era eu que estava lá.

 

De repente entra o INEM em casa e começam a atacar o meu “eu” animal – ligaram as luzes, começaram a dizer “pare de fazer força que o bebé tem é de nascer no hospital.. vamos ter de a levar já” enquanto eu dizia que não ia dar e me tentavam sentar numa cadeira de rodas. Soltei a fera que há em mim quando a tripulante da VMER me começou a apoiar pelo ombro para eu me sentar (o Nuno diz que eu parecia um bicho a falar entre dentes), pois como me deu a sensação que me estavam a forçar, quase gritei guturalmente: “VOCÊS NÃO ME EMPURREM!!!!” E acho que ficaram com medo de mim! A partir daí outro colega passou a falar comigo, muito mais tranquilamente, o que me levou a colaborar.

 

Saímos de casa com mais duas ou três contrações pelo caminho até à ambulância. E continuavam sempre a dizer “não pode fazer força “. Perdoem-me os mais susceptíveis mas nesta altura já só me apetecia era que eles enfiassem o “não pode fazer força” onde o sol não bate. Só quem já passou por um parto natural/normal sem analgesia sabe como é praticamente impossível a uma mulher naquele momento conseguir não fazer força! Lá entramos na ambulância onde me deitaram de lado na maca… e bastaram mais duas contrações!

 

A ambulancia já tinha começado a andar quando senti o anel de fogo a chegar – a cabeça do Miguel estava já a coroar e comecei a dizer “Não dá, não dá, não dá!” e eles finalmente perceberam que não íamos chegar ao hospital! Pararam a ambulância e no mesmo momento a cabeça saiu num puxo! Passado uns segundos com mais uma contração sai o resto corpo praticamente sem dor! O Miguel começou logo a chorar, ainda antes do outro médico da VMER entrar na ambulância… Pouco depois já tinha o Miguel nos meus braços! A única coisa em que pensava naquele momento era que queria chegar rápido ao hospital para poder estar com o meu marido que entretanto teve de seguir no nosso carro e chegou lá antes da ambulância. Tudo isto aconteceu até às 9h45, portanto estive apenas três horas em trabalho de parto!

 

Fomos recebidos no São Francisco Xavier por uma equipa fantástica que fez uma grande festa à nossa chegada (não é todos os dias que chega um bebé nascido pelo caminho) e todos foram magníficos na forma como nos trataram em tudo o que se seguiu – que também já não era muita coisa, diga-se!

Eu vinha já a fazer pele com pele e assim continuei depois de uma rápida avaliação ao Miguel, qie nunca foi levado do meu lado. Quando falaram que iam administrar a vitamina K pedi que o fizessem em cima de mim para ele poder ficar mais calmo e já com a mama, que agarrou com facilidade e de onde não saiu mais na hora seguinte. Enquanto isso eu era também observada. A placenta saiu inteira em mais uma contração e acabei por ter de levar alguns pontos internos. Mas segundo a enfermeira isso só aconteceu por ter parido deitada na ambulância pois caso tivesse sido de pé como estive o tempo todo antes, provavelmente nem chegava a rasgar. A meio desta fase ainda brinquei com a equipe e perguntei se elas tinham gostado de ler o meu plano de parto!

 

Foi uma grande história com final feliz e que não poderia ter sido de outra forma, pois foi mesmo tudo muito rápido – foi a natureza a levar o seu curso! Nisto tudo foram indispensáveis o Nuno, que esteve sempre imperturbável e super tranquilo o tempo todo e que ajudou em tudo, absolutamente tudo o que eu lhe pedi (ou no que eu nem precisei de pedir): aliviou-me a dor, tomou as rédeas da situação, deixou-me estar naquele momento da forma que desejei, imperturbável e respeitada… E a Cristina, a minha Doula, que sempre me escutou atentamente, me respeitou e teve sempre palavras de encorajamento ao meu ouvido. Mas que também foi imprescindível para nos fazer agir a tempo de estarmos acompanhados pela VMER, pois caso ela não estivesse presente eu sinto que teria levado mais tempo a decidir ir para o hospital e aí teria um bebé em casa e sem qualquer suporte médico!

 

Foi uma experiência mirabolante mas ao mesmo tempo magnífica. Tive um parto natural!!! Foi aquilo que eu sempre quis, ainda que não tenha sido como o plano inicial… Mas essa parte já vem do karma.

 

À terceira é de vez!!!

 

 

25
Mar18

Babyshower Surpresa ou o Chichi com Plateia

Vera

FB_IMG_1535798026475.jpg

FB_IMG_1535797980465.jpg

 

Hoje estou completamente de coração cheio!!!! 

 

Saio de casa com o dia todo planeado, de forma simples... almocinho na marina para a filhota andar de bicicleta, quando começasse a ficar mais movimento ou tempo mais frio seguiamos para umas comprinhas. Lá foi...
A caminho do shopping tínhamos de fazer uma paragem em casa pq o meu marido tinha-se esquecido da carteira. Como eu tinha de ir à casa de banho, subi e ia fazer o meu chichizinho e apanhava a carteira.
Entro na casa de banho, belo do chichi com a porta toda aberta, mas começo a ouvir uns barulhinhos da sala (porta toda aberta escancarada, relembro...).
Saio da casa de banho já nervosa com a sensação de que não estava sozinha em casa, quando chego a porta da sala dou com a mesa toda decorada!!!!
Digo em voz alta "Mas o que é isto?!?!" e nisto de todos os cantinhos e mobílias da sala saiem 20 amigos meus e respetivos filhos a gritar SURPRESAAAAA!!!!!! 😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂

OPA!!!!! Foi do mais hilariante que podia haver, comigo só podia acontecer desta maneira!!!! 😅😅😅😅😅😅 LOLOLOL vá lá que so ia mesmo fazer chichi e não me lembrei de sair da casa de banho com as cuecas ainda por vestir!!! 😂😂😂😂😂😂😂

Mas foi tão bom!!!! Nunca tinha tido uma festa surpresa e foi algo planeado ao pormenor debaixo do meu nariz e que não dei por absolutamente nada!!!!!!!

Fiquei de coração cheio e com a certeza que tenho GRANDES AMIGOS (houve quem viesse de propósito do Porto para fazer a surpresa!!! ❤) !!!!!!!!!

Estou mesmo feliz!!!!! E tenho a casa num estado caótico lololol Mas valeu cada pedacinho de brinquedo fora do sítio e migalha no chão !!!!

16
Mar18

Estamos nas 32 semanas!

Vera

Estamos nas 32 semanas! 

Apenas cerca de 8 a 10 semanas separam o dia de hoje do fim desta aventura, para iniciar uma aventura nova. 

Os incómodos continuam os mesmos mas aprendi já a viver com eles. 

Só não aprendi ainda a estar nesta ambiguidade de sentimentos entre a convicção e a culpa de ter de viver a um ritmo muito mais lento e calmo... Delegar tarefas e deixar muitas coisas para segundo plano não permitem viver de consciência tranquila no plano profissional, mas trazem-me a tranquilidade de saber que estou a fazer o melhor por mim e pelo meu bebé (como aconselho tantas grávidas a fazer e que acabava por não estar afazer comigo mesma). 

O universo encarregou-se de me mostrar alguns sinais dessa necessidade e eu rendi-me a essa evidência.

O que sinto cada vez mais é uma tranquilidade imensa nesta espera final, agarrando-me a esperança de que o Migui venha apenas na hora certa e que nem ele nem ninguém queira apressar a sua chegada como aconteceu com a irmã. 

 

Por isso bebé...ainda vamos esperar um tempinho até nos conhecermos. ;) ❤ 

 

#asgravidasnaorebolam #32weeksandcounting #tudoaseutempo

FB_IMG_1535797124279.jpg

FB_IMG_1535797120626.jpg

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2017
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2016
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2015
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2014
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2013
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2012
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2011
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2010
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub