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Saltos Altos, Duas Rodas e M&Ms

Crónicas e reflexões da mãe, motard e mulher dos sete ofícios.

Crónicas e reflexões da mãe, motard e mulher dos sete ofícios.

02
Set18

A dança perfeita

Vera

Estar grávida para mim, foi sempre sinónimo de interrupção das duas rodas. Mas nesta gravidez acabei por ter as minhas viagens no pensamento mais do que alguma vez imaginei. 

 

Como já falei antes, escolhi ser acompanhada por uma Doula durante a gravidez para que estivesse o mais preparada possível para o trabalho de parto. Para quem não sabe, o trabalho da Doula passa pelo apoio físico e emocional da mulher e do casal, pelo que as sessões durante a gravidez são da maior importância por darem à mulher toda a confiança que precisa para o seu momento e ajudarem o pai a desempenhar o seu papel de "Guardião do Parto" (esta é uma definição muito resumida do trabalho de uma Doula, sobre o qual irei escrever com mais pormenor mais tarde). 

Numa das nossas primeiras sessões, a nossa Doula, a Cristina, falava-nos do papel do pai durante o trabalho de parto e de como é importante que ele conheça bem os desejos e escolhas da mulher, a forma como a deixar confortável, e outros pormenores tais, para que no momento em que ela esteja a lidar com as contrações ele possa ir ajudando sem que seja necessário a mulher desfocar-se do seu processo. Seria então como se estivessem numa dança em que um segue os passos do outro... 

Ora aqui é que o quadro ficou borrado!!! O Nuno tem dois pés esquerdos e pensar neste papel com um desempenho semelhante às tentativas dele de dançar era meio caminho andado para as coisas não correrem de feição! 

Mas nós somos um casal, a sincronia há de existir em algures na relação senão não estaríamos juntos, certo? 

Foi então que me lembrei do quão maravilhoso é quando andamos de mota juntos!!! Aí sim, tal como uma dança, completamos os nossos movimentos, desenhamos na estrada a nossa trajetória como se lessemos os pensamentos um do outro. Seguimo-nos por quilómetros sem trocar uma palavra mas antecipando cada mudança de direção, cada ultrapassagem, cada provocação para ir mais rápido ou curvar mais. As nossas motas fazem um autêntico bailado em sincronia e essa era a comparação perfeita para o que precisávamos enquanto decorresse o trabalho de parto! 

 

Mas não ficou por aqui.

Também a lidar com as contrações pude beneficiar da minha experiência nas duas rodas. 

 

A Cristina propôs-me a fazer  uma analogia com alguma circunstância na minha vida em que, tal como uma contração, eu fizesse algum esforço sabendo que na altura mais difícil desse esforço estivesse perto de alcançar um objetivo. Lembrei-me então do Lés a Lés, no qual eu participei já algumas vezes. Para quem não sabe do que se trata, o Portugal de Lés a Lés é uma espécie de prova onde fazemos mais de 1000km em apenas 3 dias, que tem etapas, tempos, prazos. O objetivo final é conseguir chegar ao destino (gozando de um passeio turístico fenomenal) passando por todos os pontos do percurso, dentro do timing estabelecido (ainda que seja uma viagem de passeio, não uma corrida).

Mas chega a uma altura que começa a custar. Doem as mãos, doem as costas, os braços, a cabeça. Estamos cansados, desconfortáveis, com fome e sede. Mas em cada etapa que alcançamos permitimo-nos a descansar um pouco e voltamos a arrancar pois sabemos que estamos cada vez mais próximos de chegar ao fim e que quando atingirmos aquele ponto em que já só queremos desistir, chegamos à meta!

Assim é com o trabalho de parto, em que cada contração nos faz ficar mais próximas do objetivo que é termos o nosso bebé, e que entre cada pico de dor temos alguns momentos que nos permitem recuperar e ganhar coragem para a seguinte. As dores vão aumentando conforme estejamos mais próximas do nascimento do bebé e é precisamente na fase em que achamos que já não vamos aguentar mais que o final esperado está próximo. É tão simples como isto! 

 

Mas claro que tudo isto requer uma preparação interior para que se possa lidar com o processo e aceitar a dor. O problema de hoje em dia é que as pessoas não aprendem a lidar com a dor pois desde cedo com qualquer coisinha insignificante se procura de imediato medicação e analgesia. Isso, juntamente com a excessiva medicalização do parto (que como se sabe leva muitas vezes à interrupção do normal decorrer do trabalho de parto e até a complicações no nascimento) fez com que se perdesse um importante elo de partilha entre mulheres do testemunho do parto natural. Pelo contrário, os testemunhos que mais se partilham são os da desgraça, do sofrimento, do terror. Com isto é normal que haja poucas mulheres com exemplos à sua volta que lhes permitam desejar ter um parto natural e terem a confiança necessária para aceitar que o seu corpo é capaz de parir naturalmente conduzindo-as durante todo o processo. 

 

Por isso é que considero os relatos de partos tão importantes. Somos nós que temos o poder de nos empoderarmos umas às outras e é isso que me leva também a partilhar as histórias com finais (e meios) felizes. Porque na verdade esses até são os mais comuns, ainda que pareça o contrário. 

A reflexão é outra das formas de nos prepararmos  para esses momentos. A minha acabou por ser feita com a ajuda deste mundo das motas, mas cada mulher terá em si a analogia e a força que precisa para encarar este momento. 

E se acharem que não a têm, poderão sempre procurar o apoio de uma Doula, que vos ajudará a encontrá-la. Mas isso fica para um outro post! 

 

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30
Ago18

Era uma vez um complô

Vera

Mariana vê o pai a sair de mota. Quer esperar até ele arrancar e só depois se volta para ir para casa...

E então vira-se para mim e do alto dos seus quatro anos diz:

"O papá foi na mota dele para o trabalho. Amanhã eu posso andar na tua mota mamã? Assim o papá chega e eu vou na tua mota."

 

 

 

Sinto que estou a ser tramada no meio disto tudo...

28
Set11

Cheiros...

Vera

Uma das coisas que eu mais gosto em andar de mota, seja num pequeno percurso, ou numa grande viagem, são os cheiros dos sítios onde passo.

 

É certo que tanto posso cheirar os aromas agradáveis, como aqueles absolutamente repugnantes - disso não há meio de fugir! Mas bons ou maus, sem dúvida que os cheiros enriquecem a história e a memória de um passeio de mota, não fosse o olfacto o sentido com maior ligação à memória (isto porque as mensagens olfactivas vão directamente do nariz para o cortéx olfactivo do cérebro para processamento instantâno - o cortex olfactivo por sua vez está envolvido com o sistema límbico e com a amigdala, onde nascem as emoções e onde são registadas as memórias emotivas).

 

Sempre tive um certo fascínio pelos cheiros e acho que isso se deve a brincadeiras que a minha mãe fazia comigo desde muito cedo. Jogos de adivinhar objectos pelo cheiro são excelentes para esta educação olfactiva. Não é por acaso que os grandes criadores de perfumes haviam nascido em famílias já com a mesma profissão, tendo desde criança um forte treino de identificação olfactiva.

É frequente eu entrar num sítio e dizer com a maior facilidade ao que cheira o ambiente, ou que situação se poderá ter desencadeado um certo aroma. Da mesma forma consigo desvendar alguns segredos de culinária por tyer a facilidade de distinguir os paladares misturados com a ajuda dos aromas.

 

Adoro a nostalgia que me trazem os cheiros que evocam memórias de infância. Até à pouco tempo me lembrava de um cheiro que eu sabia que me traria de volta a momentos de bebé, mas que não sabia do que era nem onde o podia captar, até que ao trabalhar em berçário fiz uma papa de arroz!!! Era aquele o TAL cheiro que eu queria à tanto tempo voltar a sentir!

  

Quando ando de mota há sitios que têm cheiros muito especificos... quem nunca sentiu o cheiro a batata ao passar ao lado dos contentores que estão à beira do IC2? Ou o cheiro de "caldo verde" na A1, um pouco depois de se passar por Aveiras?

No inicio da Primavera, ao descer os cabos de ávila para aceder à A5, sentia todas as manhãs o cheiro de nesperas na curva para o IC17.

E já há anos que perto de Linda-a-Velha, no viaduto que passa sobre a A5, de quem vem da CREL em direcção à Marginal há a partir do meio da tarde um forte cheiro a Caril.

 

Perto do continente da Amadora, de manhã, há um aroma delicioso a torradas... já durante a noite se sente ali perto o cheiro a tostas (daquelas de servir como entrada, com um pouco de pasta de atum e uma azeitona...lol). As traseiras de qualquer Pingo Doce são seguramente o melhor sítio para ficar com desejos de comer pão saído do forno.

 

E a paz que se sente com a brisa do mar ao percorrer a marginal no inverno. Se for no verão, cheira a areia quente e para ser mais específica ainda, pode-se sentir a fragrancia dos protectores solares daqueles manchas assustadoras de gente que se atropelam para banhos aos fins-de-semana.

 

As primeiras chuvas trazem-nos o odor do alcatrão quente e quando chove bem, da terra molhada. Se formos para serras, são os pinheiros que nos enchem os pulmões. No meu caso até seca também a garganta e faz-me arder os olhos, se for no pico da Primavera! =) 

Há noites em que desde Mem-Martins a Rio de Mouro paira no ar um aroma delicioso a bolos!!! Sempre que passo por lá ou estou nos ensaios da minha banda que a tentação nos toca, trazida pela direcção do vento. Também em Mem-Martins se pode sentir o cheiro de pastilhas ou gomas... é lá que fica a fábrica das Gorila!!!!


Góis cheira eternamente a hortelã... às vezes tanto que fico agoniada!!! Lisboa cheira a poluição... Alentejo cheira a palha seca. Verão cheira a sardinha e inverno cheira a madeira a ser queimada nas lareiras.

 

Há tanta coisa boa para experênciar quando andamos de mota... há que saber tirar proveito de todos os sentidos!

 

E vocês, o que cheiram quando andam de mota? ;)

 

 

Vera "Phoenix" Gaspar

 

 

 

 

20
Set11

Crónicas em duas rodas: 18ª Concentração do Motoclube de Góis

Vera

Agosto de 2011, mês para a realização de mais uma edição da sempre épica concentração de Góis. Esta é uma das mais bonitas concentrações que temos no país, dado realizar-se num cenário espectacular rodeado pelas serras de Góis e Arganil, com uma oferta patrimonial e natural de grande valor.

 

É por isso uma das nossas eleitas para frequentar anualmente. De certo que Góis está sempre no mesmo sitio, e nunca perde a sua magia fora do tempo da concentração, mas deste modo junta-se sempre o útil ao agradável, tornando-se num momento propício para gozar do ambiente típico das concentrações, mas sempre com a vantagem de podermos fugir um pouco da confusão sempre que nos apetece – para qualquer uma das direcções da rosa-dos-ventos há sítios para visitar e descobrir.

 

Como já vem sendo hábito, bem antes da data já andava a chatear toda a gente para se juntar a nós nesta 18ª edição da Concentração do Motoclube de Góis. No Fórum FZ foi aberto o tópico, com inscrições e tudo, para que os batedores pudessem reservar o espaço para os vindouros, e quanto mais perto da data, mais vida havia naquele tópico onde tudo era motivo de combinação, esclarecimento ou paródia.

 

Da nossa parte vinha já sendo anunciada uma surpresa, uns dias antes da partida. Iríamos sair logo no dia 17 (a concentração decorreu entre 18 a 21 de Agosto), para termos a certeza de que haveria espaço para toda a gente no cantinho habitual do Forum FZ. Só ninguém sabia que a surpresa seria encontrarem o Nuno com uma nova montada na vez da velhota Super Teneré – a paixão já de longa data, BMW R1200GS Adventure! A busca pelo negócio ideal já decorria a algum tempo, e para nos proporcionar uma pré-viagem ainda mais emocionante, o dito negócio decidiu aparecer apenas a uma semana da nossa partida. E digo viagem porque não nos íamos ficar apenas pela concentração de Góis, já que dali iríamos partir por mais 5 dias pelo roteiro das Aldeias de Xisto, pelos concelhos de Arganil, Lousã, Pampilhosa da Serra, e arredores. Ora, com o negócio a decorrer, a mota estar em Leiria, mais demora menos demora, ficou definida como data de levantamento da mota… precisamente o dia 17, em que seguiríamos viagem para Góis!

 

A logística era simples: íamos os dois na minha mota até Leiria e a partir daí iria cada um na sua, estando oficialmente formada a nossa “GS Family”. Mas a mim fazia comichão o fantástico pormenor da minha mota ir com as malas laterais carregadas com a bagagem dos dois para 9 dias, material de logística, mais duas tendas (sim porque, sem querer ferir susceptibilidades!, aqui o pessoal das trails tem sempre espaço para bagagem das coitadinhas das Rs que não têm bagageira..eh!eh!), e ainda, pois claro, eu com o Nuno à pendura. Foram quatro… quatro!... as voltas que tivemos de dar na afinação da pré-carga para a suspensão não afundar com o peso todo! Eram 4h da manhã da véspera e eu olhava desolada para a minha maravilhosa Phoenix, absolutamente céptica de que aquilo ia resultar. Só pensava que ela se ia arrastar toda, esforçar o motor de forma arrepiante e que íamos demorar uma eternidade a chegar onde quer que fosse…

 

 

Pois que bem me enganava! A magnifica máquina deixou-me boquiaberta e deitou abaixo qualquer réstia de cepticismo da minha parte! Aquela maravilha da engenharia alemã portou-se que nem “gente grande” e nem por um momento mostrou qualquer tipo de esforço ou dificuldade, e de Lisboa a Leiria lá nos levou com toda a nossa bagagem, pela auto-estrada (teve de ser por causa do contra-relógio), sempre a rondar os 140km/h. «Minha grande motinha, que orgulho tão grande que tenho neste monstrinho feio mas adorável que é a minha F650GS lava-orange! Nunca mais digo mal desta mota e vou aproveitar estes próximos dias para fazer as pazes contigo e voltar a aprender a conduzir-te sem medo.» - e foi assim que reafirmámos a nossa fieldade recíproca. Fieldade essa que se comprovou em todos os km de condução que tive dali em diante.

Lá fui fazendo cada quilómetro inchada de orgulho até Leiria. A fome obrigou-nos a parar ainda na estação de serviço de Santarém, mas num instantinho estávamos a chegar junto do novo tractor, que estava muito discretamente estacionado entre uma série de carros. A gana de pegar nela e seguir viagem era grande, mas tinham de se ultimar os pormenores referentes à compra… uma grande compra onde o Nuno até teve direito a levar o capacete, um Shoei modular praticamente novo, do antigo proprietário – melhor era impossível. Tirar a mota do estacionamento pareceu demorar uma eternidade, tal era a tensão de conduzir pela primeira vez uma Adventure.

 

 

E assim a família GS se fez à estrada… A utilização de GPS era também novidade, mas uma mordomia absolutamente desnecessária já que sabíamos perfeitamente o caminho. Porém, e querendo firmar a máxima de que um GPS só serve para nos perdermos ainda mais, decidimos colocar Góis como ponto de chegada e ver por onde é que a máquina nos levava. E não é que resultou? Bastaram uns quilómetros para ele nos desviar daquele que sabíamos ser o caminho mais simples para a localidade, mas graças ao desvio, demos uma volta ainda maior passando por umas aldeolas meio vazias que nem sequer sabemos o nome.

 

Eram 17h00 quando chegámos ao recinto da concentração e já na companhia do Tiago e da Cátia (Yamaha Super Teneré 1200) se iniciaram os trabalhos: vedar o espaço destinado às tendas dos vindouros, montar as nossas tendas do modo mais estratégico possível (os batedores têm esses privilégios, eh eh eh) e por fim ir para junto do rio para descansar um pouco.

 

 

 

 

Muito pouco, já que minutos depois anunciam a chegada o João e a Filipa, no seu falcão Hayabusa – uma daquelas motas que não dá para levar as tendas, que depois vão de boleia nas trails, se é que estão a perceber, eh! eh! eh!

 

 

 A interrupção deste nosso pseudo-descanso junto do rio foi compensada com um jantar cinco estrelas na pizzaria da vila, onde em boa hora nos lembrámos de ir, já que era a ultima noite em que a ementa estava completa e o restaurante mais calmo. Ainda assim tivemos de esperar pela nossa vez, o que nos valeu de uma magnífica memória: interrompendo a amena cavaqueira junto das motas, surge a rasgar o céu um meteorito, uma visão que ainda durou uns segundos, o suficiente para se dizer “Olha-me só aquilo!!!!” e os outros ainda conseguirem distinguir a cauda em chamas, até se desfragmentar ao ponto de desaparecer. Algo que não se vê todos os dias.

 

A quinta-feira já começou a ter mais movimento e ao longo do dia foram chegando mais motards. Mas enquanto crescia a agitação dentro e fora do recinto, os seis batedores deram-se ao luxo de ir para um pequeno paraíso local, ainda preservado por haver pouca gente da concentração em Góis. Munidos de compras para nos abastecermos ao longo do dia, e já com um belo pequeno-almoço no bucho, rumámos para a lindíssima praia fluvial de Carcavelos (não, não é brincadeira, tem mesmo este nome) – um pedaço de rocha num vale escondido por onde passa o rio Ceira, onde uma queda de água ilumina a paisagem, rodeada de verde e paz.

 

 

 

 

Um local obrigatório para quem passe por Góis, pelo menos no Verão para se poder refrescar ou mesmo dar um valente mergulho da rocha. Um dia muito bem passado, que terminou com um jantarzinho na casa de amigos, com um valente arrozinho de tamboril feito por moi même. As chamadas começavam a cair – o pessoal ia chegando ao recinto e tudo queria saber dos batedores que prontamente se puseram a caminho. Após mais umas ajudas na logística do monta tenda, martela estaca, enche colchão, estava tudo a posto para se ir viver a animação da feira e dos concertos que já soavam. O resto da noite foi animada e ao som dos Morangotango, íamos cantando temas de vários artistas, uns mais afinados que outros, uns mais alegres que outros… e outros muito, mas mesmo muito mais alegres do que todos esses juntos! A culpa, diziam eles, era de uma barraquinha que está lá sempre, verde e amarela, que pertence a um senhor muito simpático que diz que gosta de servir bebidas com sotaque brasileiro, lima e gelo picado – eu pessoalmente peço-as sempre com o gelo inteiro, oh!, isto é… pediria se bebesse!  Eh! Eh! Eh!

 

 

 

 

A manhã acordou-nos cedo, com muito movimento (já a noite tinha sido barulhenta), e o pequeno-almoço já obrigou a esperas mais longas. A vontade era sair dali rápido para um sítio fresco e mais calmo, pelo que a Serra de Arganil nos levou até à praia fluvial de Secarias. Não contando com o episódio do almoço, onde nos vimos obrigados a uma espera ridícula que colmatou na saída de todos daquele café para o da outra margem do rio, o dia foi mais uma vez passado de molho no rio, com o grupo ainda mais composto e com mais pessoal sempre a dar conta da sua chegada ao recinto.

 

 

 

 

O final de tarde foi propício para os encontros com os recém chegados, mas infelizmente também foi quando o azar (ou descuido) minou a serra de Góis, provocando um grande acidente em que estiveram envolvidas vários motards. Resultou no falecimento de um companheiro das duas rodas (nosso desconhecido), soubemos nós mais tarde. Nestas alturas a diversão e o espírito do evento fazem com que nos deixemos levar pelo entusiasmo, facilitando acontecimentos totalmente dispensáveis. É essencial nunca nos esqueçamos da nossa fragilidade e vulnerabilidade – não somos super heróis!

 

Os mais distraídos nem deram conta do trágico episódio, e confirmada a presença de todos os nossos mais próximos, a animação e o convívio ajudaram a desvanecer o acontecimento das nossas cabeças - se bem que admito que me lembrei várias vezes daquilo, pois estive durante umas horas (não foram assim tantas, mas pareceram) sem saber da minha mãe que tinha chegada prevista a Góis para aquela altura. Fiquei sim, mais descansada, quando consegui falar com ela. Por essa altura soavam já as guitarras de Tara Perdida, a abrir mais uma noite de grande animação e algazarra que não deram nem um minuto de tréguas a quem, nas suas tendas, tentava dormir um pouco…

 

 

O Sábado foi o dia do grande almoço do Fórum FZ, e na hora combinada lá saiu calmamente a caravana rumo ao restaurante Gota d’Água (em Secarias), para um magnífico repasto. Ainda tivemos direito a assistir em directo ao resultado de mais uma falta de cuidados, desta vez de uma moto-quatro que numa curva fez uma chopper ir ao chão – felizmente sem provocar quaisquer danos para além do susto do coitado que caiu. Mas mais uma vez fica aquela sensação de que por causa de gente inconsciente se estragam convívios destes… Mas nós chegámos inteiros ao restaurante e lá nos deliciámos com várias especialidades, como as espetadas de marisco, os grelhados, e todas essas coisas que só dá vontade de lamber os beiços!

 

 

Como o dia ameaçava chuva não ficou definido nenhum plano para depois de almoço, se bem que a ideia inicial seria uma voltinha pelos arredores. Mas com o céu a torcer o nariz até mesmo pingar, houve muitos que também torceram o nariz à ideia e, ajudados pelo cansaço, preferiram ficar pela zona para mais banhos. Ora eu e o Nuno e mais meia dúzia de valentes não nos fizemos rogados; desafiamos o boletim meteorológico e rumámos ao Piódão, passando pela Fraga da Pena, com a ideia de só parar para visitar no regresso.

 

 Mas demorámo-nos nas magníficas curvas até à povoação escondida naquele vale do Piódão, onde ainda nos deixámos também ficar descontraidamente numa esplanada depois de bebericar e provar uns licores da região. Resultado: a chuva fartou-se de ameaçar e decidiu mesmo cair do céu, apressando os valentes novamente rumo à origem. Mas nem isso estragou o passeio, que foi excepcional!

 

 

 

 

 

Mais uma noite de confusão e barulho, prometendo um grande concerto desse artista de renome que era!!! …o João Pedro Pais… (perdoem-me os fãs a minha falta de entusiasmo). Ainda me aguentei uma ou duas horas ali de pé, convencida que ainda ia saltar e curtir com os Killer Queen, mas para grande desilusão o espectáculo deles foi cancelado. O grupo dos seis batedores deu-se como derrotado e teve mesmo de ir para a zona da restauração sentar-se na esplanada sem aguentar mais estar de pé. Para ser ainda mais drástica, eu optei mesmo por adormecer em cima da mesa, por isso não foi preciso muito mais tempo para ir definitivamente dormir, desta vez para a tenda. Tive ainda oportunidade de ficar extasiada ao reparar na enorme multidão que se encontrava já a ver João Pedro Pais! Upa, upa… vou mas é para a tenda!

 

E devo ter adormecido tão profundamente que nem mexi toda a noite, dado o enorme torcicolo com que acordei, justamente na manhã do desfile pelo concelho. Maldita sorte! Pior nem era o desfile, era o facto de termos ainda muitos kms programados. Acabei por ir à pendura na minha própria mota, conduzida pelo Nuno que tendo a Adventure à 4 dias apenas, não se queria arriscar a levar-me nela, receando algum desequilíbrio. Acho que tinha sido melhor eu própria ter levado a mota, ou não ter ido de todo ao desfile, que para mim acabou à porta da farmácia a comprar todas as formas existentes de Voltaren.

 

 

 

 

 

 

De regresso ao recinto, já estava tudo de partida, restando já poucas tendas. Não fomos excepção e com um ritmo a meio-gás arrumámos tudo e despedimo-nos de mais uma edição da Concentração de Góis. Para o ano, estejamos ou não por lá, que seja tão boa ou melhor – é que esta é sem dúvida e sempre será das mais bonitas concentrações que temos em Portugal.

 

 

 

 

Vera "Phoenix" Gaspar

11
Set11

Manual do bom pendura

Vera

Estou em falta com uns posts, já que o Verão pôs mais umas boas centenas de Kms na minha Phoenix... mas enquanto não arranjo tempo para me dedicar exclusivamente a essas escritas, deixo aqui um pequeno texto muito util para algumas pessoas. Divirtam-se! ;)

 

..::: MANUAL DO BOM PENDURA :::..


Escreve-se muito sobre motos e condução, mas esquece-se esse elemento fundamental do mototurismo que é o/a pendura.
Comecemos por uma regra que consideramos da máxima importância, sobretudo se a experiência de pendura é pouca :


    O PENDURA É CARNE MORTA!


Deve por conseguinte, permanecer no seu poleiro, muito quieto e calado e não tentar ajudar em nada. Vale mais nada fazer do que fazer mal.
Passada a piada, vamos então às regras, para recortar, plastificar e agrafar nas costas do blusão do condutor. ( Eheheheh )

 

1. Nunca subir ou descer da moto, sem prévio conhecimento do condutor. Já vimos muito motociclista ser desequilibrado assim, sobretudo se o piso é irregular, ou o condutor é de perna curta, ou se a moto está carregada.



2. Ajudar nas manobras de entrada e saída de estacionamento, sobretudo se é necessário 'engrenar' a marcha atrás.



3. Em andamento, evitar movimento bruscos, do género de olhar para trás, no final das rectas e dizer : "Olha que já não vejo nenhuma moto!"



4. O pendura é o tesoureiro da equipa no que toca ao pagamento de portagens. Deve, ter sempre à mão os meios de pagamento necessários.



5. Igualmente, é o navegador da equipa.



6. O pendura pode ajudar nas curvas, espreitando sempre por dentro e apoiando-se, fortemente, em ambas as peseiras. A transferência de peso para as peseiras torna a moto mais manobrável.



7. Pela mesma razão, deve-se apoiar mais fortemente nas peseiras quando a moto circula, devagar, entre o trânsito.



8. Idem, quando circula em piso irregular, com a vantagem, neste caso, de levar menos pancada no sítio onde a espinha muda de nome.



9. Não adormecer, sobretudo em percursos sinuosos, ou de piso irregular.



10. Nas travagens e arranques deve apoiar-se nas pegas e não no condutor.



11. Nas paragens não pôr os pés no chão, pois em vez de ajudar, só desequilibra.



12. Em velocidade, ou se está muito vento, juntar-se o mais possível ao corpo do condutor; evita assim a oscilação. Se o condutor não for muito 'largo', apoiar-se no depósito.



13. O pendura está, rigorosamente, proibido de olhar para o conta quilómetros e expressar a sua aprovação com apertos de joelhos, punhadas nas costas, etc, etc...



14. Não esquecer que a partir dos 70-80 Km/h acaba a conversa, pois o vento não deixa.



15. Quando circula a mais de 200 Km/h (nas auto-estradas alemãs, claro), não deve acenar aos outros motociclistas, sob pena de deslocar um braço.



16. Nas mesmas circunstâncias, evitar calçar as luvas, ajeitar o capacete, os óculos ou o penteado.

 

A. Monge da Silva, Moto Clube da Costa do Sol
in Motojornal

02
Ago11

Crónicas em duas rodas: Sardinhada Forum FZ 2011

Vera

Crise – esta é a palavra que está na ordem do dia. Todos os dias somos bombardeados por títulos de jornais, reportagens televisivas, notícias radiofónicas, discussões parlamentares, em que se esgota este conceito sociológico, cuja palavra tem origem grega.
Realidade para uns ou desculpa para outros, o que é certo é que graças a esta “senhora” as nossas vidas têm vindo a sofrer alterações, deixando-se para depois todo e qualquer gasto que não seja aplicado aos bens essenciais. E inevitavelmente os ajuntamentos de mota começaram a escassear, bem como as tão agradáveis almoçaradas  e indispensáveis passeios.

Mas como aficionados que somos, autênticos viciados e moto-dependentes, não podia passar muito mais tempo sem que algo nos juntasse novamente. Juntando então o útil ao agradável, surgiu a ideia da realização de uma sardinhada: comes e bebes a um preço justo e suportável, num sitio agradável e onde o convívio é mais do que ponto assente.
O parque de merendas da praia do Guincho foi o local eleito, por ser um sitio de fácil acesso e perto das estradas maravilhosas da Serra de Sintra, palco do passeio que se seguiria ao repasto. A ideia foi partilhada com um ou outro amigo e a aceitação fez com que me lançasse ao desafio – sim, desafio porque foi o primeiríssimo evento que decorreu da minha iniciativa, e fui logo escolher um cuja logística era um pouquinho mais complexa do que marcar um restaurante e sentar-me a mesa. Ainda me permiti a pensar bem no assunto antes de o tornar publico, mas numa onde de agora ou nunca, postei no fórum o tópico “1ª Sardinhada Forum FZ”.

Os efeitos desta novidade não demoraram a surgir – a iniciativa foi variadas vezes aplaudida, ainda que tenha havido quem me tentasse demover da ideia porque “Ninguém vai/está a aderir”, “Fazer uma almoçarada num restaurante é bem melhor”. Mas o que é certo é que: 1-Variar nunca fez mal a ninguém; 2-Só se inscreve quem quer; 3-Restaurante sai bem mais caro; 4-Eu queria assim, independentemente do trabalho que me pudesse dar; 5-Só faz falta quem cá está. Agarrei-me a estas máximas para não perder a coragem, mas a verdade é que até ao momento em que a sardinha estalava na brasa, o receio de que fosse um fiasco não me largou.

Sem duvida de que poderia ter tido mais adesão. Fosse pela novidade, pela falta de t€mpo, ou por coincidir com época de férias. Mas foram 16 os bravos que se inscreveram para este evento pioneiro. Dias antes lá andava eu a fazer exercício de tracção pelo meio do Continente, com um carrinho atolado de minis, colas, croquetes, rissóis, para grande gozo de quem me via passar. Na noite anterior eram 3h da manhã e ainda estava a lavar a alface, a “encaixotar” salgados, a desenformar o bolo, em suma… a dar o litro para que tudo corresse pelo melhor.
Isso valeu-me uma noite de poucas horas de sono, pois bem cedinho as sardinhas já nos esperavam, geladinhas no caixote, que as levássemos para o Guincho. Tivemos de optar por levar apenas uma mota (foi a minha linda Phoenix), e o meu mais-que-tudo disponibilizou-se para levar o jipe, que ia carregadinho… bem carregadinho com o repasto e equipamento de logística.

Cheguei um pouco depois do que tinha planeado (nunca pensei que fosse tanta gente às compras às 9h00 da manhã…) e já tinha alguns membros à espera – só faltava estarem de braços cruzados e a bater o pé.. LOL  O “camião” chegou pouco depois, e assim que se escolheu o melhor local, lá nos instalámos. Os restantes foram chegando enquanto já se tratava da brasa. As meninas incumbiram-se de ir tratando da salada e praticamente sem aviso prévio, enquanto os salgados distraíam as hostes, já iam saindo os pimentos, chouriço, farinheira, tudo muito bem assadinho, muito saboroso e a pedir mais. Chegada a vez das sardinhas, iniciou-se um autentico festival porque estas foram sem duvida as rainhas do cortejo. Pequeninas, mas gordinhas, muito, mas mesmo muito saborosas, deixavam no pão aquele suco guloso (ou os gulosos somos nós ao deliciarmo-nos com aquilo)… e as febras coitadinhas iam saindo mas não conseguiam rivalizar com o sucesso daquelas mega portadoras de Omega 3!!! Os homens das brasas não tinham descanso, mas estavam entretidos, pitando uma sardinha aqui e uma febra ali, sempre de Mini na mão, como não poderia deixar de ser.

Já as barrigas estavam cheias, mas a mesa não dava o braço a torcer, pois continuava coberta de comes e bebes, como se o banquete não tivesse sequer começado. Ainda houve, no entanto, espaço para uma ou duas fatias de uma grandessíssima melancia (havia quatro bem grandes) que colmatou em cheio esta bela refeição!
Tempo para amena cavaqueira, enquanto se iam começando a arrumar uns tarecos. Até que eu me pus em cima da mesa, chamando a atenção de todos para o que se ia seguir. Reunida toda a malta, chegou a vez da oferta surpresa do certificado de participação nesta 1ª sardinhada do Fórum FZ! Digna de recordar, para mais tarde repetir!

Muitos braços puseram todo o material e sobras de comida num ápice dentro do jipe, para se poder pegar nas meninas e dar o merecido passeio pela serra de Sintra. A primeira paragem foi muito próxima, já que tudo ansiava por um café e uma casa-de-banho. Seguimos depois até à praia da Adraga, caminho durante o qual até houve direito a um pequeno percurso ao estilo “Lés-a-Lés”, off-road quase puro (pelo menos quem ia de Rs deve ter tido essa sensação), devido a umas pequenas obras que não estavam nos planos. Também não estava nos planos o tráfego intenso por Sintra, devido à feira medieval que ali acontecia. Isso fez com que o passeio fosse um pouco mais atribulado do que estávamos a espera. Até tivemos o azar de ver um companheiro e a esposa terem um encontro parado mas em primeiro grau com o alcatrão, devido às manhosas ruas de Sintra – onde era para pousar o pé, não havia alcatrão (raios partam a ilusão de óptica!). Mas felizmente foi maior o susto, porque feridos, só no orgulho. Mas isso passa rápido!

Ao contrario do que estava previsto, o passeio não terminou com um mergulho na praia, pois o tempo apesar de estar bom para todo o evento, para banho já deixava a desejar.

Ficou então a satisfação de um excelente dia passado na companhia de uma excelente companhia, e a vontade de repetir!

A mim resta agradecer a todos pela participação e pelo apoio. Vai haver 2ª edição, não haja duvida!   



Vera “Phoenix” Gaspar

27
Jun11

Saltos Altos e Duas Rodas

Vera

Bem-vindos ao Saltos Altos e Duas Rodas!

 

Este blog nasce de uma continua cadeia de pensamento sobre uma das minhas maiores paixões - as motas.

Pretendo deixar aqui um testemunho, para todos vós mas também para mim própria, do que sinto e de como vivo este mundo tão próprio e tão especial que é o das duas rodas. É uma realidade que as mulheres estão a entrar cada vez mais neste universo até à pouco tão circunscrito ao género masculino, o que só pode ser motivo de orgulho.

 

E porquê Saltos Altos e Duas Rodas? Porque acho pertinente mostrar que as mulheres motards não precisam propriamente de se apresentar como a típica imagem que se vende de uma mulher numa mota: com uns 90kg, vestida de cabedal dos pés à cabeça, a comportar-se como se fosse um homem das cavernas, tatuagens nos braços gordos, e obviamente montada numa chopper. Ou então, uma top model com menos de 20gr de roupa em cima do corpo, bem... já calculam ao que me refiro...

Não! Uma mulher motard, é uma mulher motard. Não tem que ser gorda, não tem que ser magra. Não tem que prestar provas de masculinidade, nem de feminilidade. Mas o que é certo é que não deixa de ser uma mulher. E ao longo do blog pretendo abraçar uma série de testemunhos, femininos e masculinos, acerca da actual imagem da mulher no mundo motard.

 

 

Gostaria também de partilhar o que é isso do "espírito motard". Existe uma frase que me faz todo o sentido: "Quem não sente nunca irá compreender, e quem sente nunca irá conseguir explicar." Daí que nem vou arriscar tentar desmistificar este sentimento mágico, vou apenas fazer por partilhá-lo o melhor que souber.

 

 

Irei começar então por me apresentar... dedico o próximo post ao meu percurso nas duas rodas.

 

Espero que este blog possa proporcionar-vos bons momentos de descontracção, de reflexão e também de opinião, pois conto com a vossa participação para enriquecê-lo ao máximo.

 

Obrigada pelas vossas leituras.

 

 

VG

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