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Saltos Altos, Duas Rodas e M&Ms

Crónicas e reflexões da mãe, motard e mulher dos sete ofícios.

Crónicas e reflexões da mãe, motard e mulher dos sete ofícios.

25
Set18

Todos somos bebés

Vera

Hoje o Migui começou a explorar avidamente uma nova competência: rebolar até se virar. Já o começou a fazer há uns dias mas hoje por duas vezes seguidas insistiu em fazê-lo mesmo ficando extremamente chateado após o conseguir. Enquanto ele o fazia, eu ao seu lado apenas observava aquele esforço (quase) sobre-humano e a sua concretização. Maravilhada, orgulhosa e atenta - apenas intervi quando ele já estava chateado após um bocado virado para baixo.

 

Eu sou completamente apaixonada pela fase da primeira infância. Poder observar todas as aquisições, celebrar cada conquista, testemunhar cada meta alcançada é fenomenal e dá-me uma sensação de realização brutal. Não é por acaso que abri precisamente uma creche. 

Fico fascinada com esta capacidade de resiliência e de superação que as crianças e em particular os bebés têm. Mas por outro lado isso leva-me a refletir sobre a perda destas qualidades ao longo da vida. 

 

Como gosto muito de refletir à luz de analogias, esta foi a que imediatamente se desenhou na minha cabeça:

Está um bebé na sua "bebelandia" deitado de costas, enquanto outro bebé passa por ele a gatinhar e pára ao seu lado. Observando o que gatinha, o primeiro bebé começa a rodar lentamente o corpo, dá um impulso com as pernas, fica de lado, mas volta à posição inicial pois não tinha dado impulso suficiente. 

Nisto mais dois bebés que estavam ali por perto, também eles deitados, observam a situação e em "bebéês" começam a comentar:

"Olha, olha... Aquele está a achar que vai conseguir rebolar sozinho."

"Pois é, deve achar que vai para aí andar de pé algum dia."

O bebé deitado ficou preso naquelas palavras e nunca mais rebolou, gatinhou ou andou. 

Fim. 

 

É ridículo pensar que alguma vez isto se poderia passar não é? Todos sabemos que os bebés crescem e vão ganhando competências e alcançando as suas metas de desenvolvimento. E normalmente, em ambientes saudáveis, os adultos que rodeiam o bebé (e até as crianças) promovem esse crescimento, incentivam, apoiam, estimulam. E o bebé cresce saudável, feliz e atinge os seus objetivos de se tornar uma criança, um jovem e por fim um adulto. 

E mesmo que não tenha muita gente a puxar por ele diariamente, ele possui essa tal resiliência que vai fazer com que tente, uma e outra vez até conseguir. Quando começa a andar, por exemplo, o bebé esforça-se por conseguir pôr-se de pé, depois tenta dar o primeiro passo e cai. Mas levanta-se de novo e tenta outra vez. Não desiste enquanto não consegue - pois se isso acontecesse não teríamos chegado ao que somos hoje enquanto Humanos. 

 

A resiliência está no dicionário priberam como "Capacidade de superarde recuperar de adversidades." e ela existe em todos nós. Mas infelizmente ao longo da vida vamo-nos desabituando de viver com ela. 

Pode começar quando nos negam a capacidade de subir a uma árvore porque "nos podemos magoar", ou nos impedem de brincar com determinado brinquedo porque "isso é de menino" ou o contrário. E assim, lentamente ao longo da vida, vamos (ou vão-nos) matando esse bichinho da superação, essa vitamina de coragem, e apagando a pessoa destemida que há em nós. Sempre a título de "não é assim que se faz" , "achas mesmo que vais conseguir" ou "aqueles só fazem assim porque são grandes".

 

Mas não tem que ser assim. E mesmo que tenhas toda a vida sentido que não eras capaz ou que não devias sequer tentar, acredita que ainda terás uma chama desse bebé que não desiste dentro de ti. É que se até tiveste o azar de sempre teres vivido rodeado de pessoas que não acreditam em ti, tens sempre uma pessoa a quem podes recorrer: a ti mesmo! 

 

Tu tens o poder, tu tens a força de conseguir atingir os teus objetivos! Que os consigas atingir amanhã, daqui a um mês, ou daqui a um ano, não te posso prometer porque não conheço a dimensão dos teus sonhos. Mas sejam eles pequenos ou grandes sonhos, eles não só não se realizam de um dia para o outro como não se realizam de todo se não deres o primeiro passo. 

E se achares que é difícil começar, lembra-te que também já foste um bebé. Conseguiste rebolar, gatinhar, andar e falar. 

 

E agora. O que é que te impede de voar? 

 

13
Ago18

Ninguem disse que era fácil, mas não custa tentar...

Vera

Há seis anos eu lançava-me numa das maiores aventuras da minha vida...

Com apenas 25 anos agarrei uma oportunidade que me surgiu de repente e sobre a qual tive apenas dias para decidir se arriscava ou não...

Não...

Não vos estou a falar na Oriflame.

Ha seis anos atrás e com apenas 25 anos eu decidi agarrar numa creche que tinha acabado de avisar os pais todos que dali a 3 semanas em Setembro, já não iria abrir. E eu decidi que ia abrir sim!!!

Foram 3 semanas apenas em que tive de voltar a relembrar tudo sobre o que era a rotina, não de uma sala de creche mas de toda uma escola, após alguns anos afastada da área. Apenas 3 semanas para tentar falar com algumas das famílias das quais tinha por milagre conseguido o contacto para tentar que ainda ficassem ali. E a maioria já tinha arranjado escola...

Abri dia 3 de Setembro a Escolinha da Kika com apenas 4 crianças. E assim foi no primeiro mês... Semana a semana a escola ia crescendo um pouquinho mais - fosse em novas crianças, em novas funcionárias, em formações, em novas e melhores condições... Nesse ano letivo terminamos já com cerca de 20 crianças inscritas.

Fomos crescendo e aprendendo... Definimos cada vez melhor o que éramos e o que queríamos. Construí a escola dos meus sonhos e à imagem daquilo que sempre acreditei ser o ideal.

As vagas começaram a ficar preenchidas cada vez mais cedo de um ano para o outro. As listas de espera foram aumentando... Apenas 3 anos depois a escola tinha já a lotação completa e o processo de licenciamento que anteriormente ninguém se interessou por concluir ficou feito! 

Começamos a ser procurados por famílias que vinham de cada vez mais longe porque faziam questão de ter ali os seus filhos. Atraímos por mais do que uma vez e mais do que um motivo a comunicação social... Começamos a ser recomendados por profissionais de saúde, por outras escolas e, principalmente, por muitas famílias!

Temas como amamentação, comida saudável, baby led weaning, respeito pelo ritmo da criança, baby wearing, inclusão da família na vida escolar, disciplina positiva, educação consciente... Passaram a ser temas que nos definem. E definem tão bem!!!!

 

Hoje olho para tudo aquilo que construí e sinto um orgulho e realização enormes!!!

 

E tudo porque naquele momento, há seis anos e com apenas 25 anos, não tive medo e arrisquei!!! E se não o tivesse feito?

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